Política

Catador de lixo e faxineira "recebiam" salários em gabinetes de deputados

Edval Gaia pagava R$ 9 mil à faxineira enquanto Severino Pessoa tinha morador de lixão que recebeu R$ 46 mil

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 01/11/2017 07h41
Catador de lixo e faxineira 'recebiam' salários em gabinetes de deputados
Reprodução - Foto: Assessoria

A situação dos deputados estaduais Severino Pessoa (PSC) e Edval Gaia (PSDB) pode ficar mais complicada nos próximos dias. Os parlamentares eram aguardados para prestar depoimentos na última segunda-feira (30), na sede da Polícia Federal (PF), em Alagoas, sobre a investigação da Operação Sururugate. As investidas da PF apuram supostos desvios de recursos públicos na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Tanto Gaia quanto Pessoa não compareceram.

Por conta dessa ausência, os deputados estaduais podem ser conduzidos coercitivamente. A informação foi confirmada nesta terça-feira (31) pelo superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo Gonçalves. Ele explicou à reportagem da Tribuna Independente que os parlamentares serão intimados novamente.

Segundo a PF, as situações descobertas pelas investigações são agravantes. No tocante ao deputado Severino Pessoa, uma pessoa residente no lixão de Arapiraca, seria um “servidor fantasma” e teria recebido em salários R$ 46 mil da Assembleia Legislativa. Conforme Bernardo Gonçalves, a pessoa teria sido cabo eleitoral do parlamentar na última eleição e não tinha conhecimento de seu nome estar na folha de pagamento da ALE.

Já em relação a Edval Gaia Filho, pesa a acusação de que uma faxineira prestava serviços ao seu gabinete e recebia R$ 9 mil por mês, no entanto, apenas R$ 2 mil eram repassados à funcionária.

Segundo Gonçalves, os dois deputados estaduais podem ser indiciados 45 vezes pelo crime de peculato, devido ao suposto  envolvimento no desvio de recursos da Assembleia Legislativa do Estado.

A reportagem da Tribuna Independente esteve, durante a sessão de ontem, para repercutir o assunto com os deputados investigados e intimados pela Polícia Federal, no entanto ambos não apareceram no plenário.

A reportagem entrou em contato com Severino Pessoa via aplicativo WhatsApp. O parlamentar limitou-se a responder apenas que estava viajando para Brasília e que nesta quarta-feira (1°) conversaria sobre o assunto.

CORREDORES

Já Edval Gaia também foi visto nos corredores da Assembleia Legislativa após o término da sessão. A imprensa tentou falar com o parlamentar, que se esquivou e entrou no gabinete do colega deputado Ricardo Nezinho (PMDB), sem responder aos questionamentos.

As investigações da Polícia Federal apontam que suposto esquema criminoso na Assembleia Legislativa de Alagoas teria provocado um prejuízo de até R$ 15 milhões aos cofres públicos.

Além de Edval Gaia e Severino Pessoa, outros sete deputados com mandatos, além de ex-parlamentares, estão sendo investigados pela Polícia Federal.

INDICIADA

Na semana passada, a deputada estadual Thaise Guedes (PMDB) foi indiciada por suspeita de participação no esquema. Ela teria se beneficiado com R$ 220 mil, por meio de pagamento a servidores fantasmas. A operação foi resultado de uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) na folha de pagamento da Assembleia.

Por meio de nota encaminhada à imprensa, a deputada estadual informou ter ido à Polícia Federal prestar esclarecimentos para provar que não tem qualquer envolvimento com irregularidades na ALE. Segundo a Polícia Federal, novos depoimentos devem ocorrer nas próximas semanas. Ex-integrantes da Mesa Diretora da ALE estão na mirada PF.