Política

Mais deputados estaduais devem ser indiciados pela Polícia Federal

Thaise Guedes é a primeira investigada após inquérito da Operação Sururugate

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 27/10/2017 07h41
Mais deputados estaduais devem ser indiciados pela Polícia Federal
Reprodução - Foto: Assessoria

Como desdobramento da Operação Sururugate, a deputada Thaise Guedes (PMDB) foi a primeira indiciada a prestar depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Alagoas. Ela é suspeita de participar de um possível esquema de desvio de verba pública da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) entre os anos de 2010 e 2013.  Só pelo crime de peculato, a parlamentar foi indiciada 25 vezes. Mas ela não deve ser a única.

Novos indiciamentos serão realizados nas próximas semanas e que podem atingir ex-integrantes da Mesa Diretora da Casa de Tavares Bastos no período de 2010 a 2013.

A reportagem da Tribuna Independente apurou essa informação, que foi confirmada pelo superintendente da Polícia Federal, Bernardo Gonçalves.

“Alguns deputados investigados têm sim relação com a Mesa Diretora. Não todos, mas alguns sim. De 2010 a 2013. Nomes nós não fornecemos. A deputada foi indiciada na quinta-feira [25] e nos próximos dias ou próximas semanas os demais deputados devem ser intimados para ser inquiridos aqui”, explicou.

A Mesa Diretora da Assembleia era formada pelos seguintes deputados no período 2010-2013: Fernando Toledo (presidente) Antonio Albuquerque (vice-presidente); Sérgio Toledo (2º vice-presidente); Jota Cavalcante (3º vice-presidente); Maurício Tavares (1º secretário) e anterior a ele era Inácio Loiola; Marcelo Victor (2º secretário); Marcos Barbosa (3º secretário); Dudu Holanda (4º secretário); Flávia Cavalcante (1ª suplência) e antes dela Temóteo Correia; e Severino Pessoa (2ª suplência)  substituiu Jeferson Morais.

Além de alguns desses ex-integrantes, outros parlamentares devem prestar depoimentos à Polícia Federal.

Servidores ‘Fantasmas’ de deputada receberam mais de R$ 200 mil

O superintendente da PF em Alagoas Bernardo Gonçalves explicou ainda que as investigações tiveram início após uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), executada em 2013 a pedido do Ministério Público Estadual (MPE).

“Por isso que o caso veio para a PF porque identificaram na fraude vários servidores ou supostos servidores que recebiam o benefício do Programa Bolsa Família. Havia a suspeita inicial de que essas pessoas que recebiam indevidamente o beneficio, mas na realidade quando se aprofundou as investigações, se verificou que elas realmente eram carentes e que tiveram seus nomes indevidamente utilizados pelos deputados para figurar na folha de pagamento da Assembleia com o propósito de que fossem desviados salários em benefícios dos parlamentares. Isso foi o que  aconteceu. Daí, houve a execução de mandados de buscas em março deste ano na Assembleia, com a Operação Sururugate”.

No caso da deputada Thaise Guedes, a PF encontrou ligações entre o gabinete dela e servidores “fantasmas”, que receberam indevidamente valores que somam R$ 220 mil durante o período investigado. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 15 milhões.

De acordo com a investigação, uma das servidoras, que é beneficiária do programa Bolsa Família, recebeu 13 salários, que totalizaram R$ 140 mil. Ela chegou a informar a PF que nunca teve acesso ao dinheiro e que, antes do período indicado, entregou documentos para a deputada com o objetivo de que ela distribuísse currículos no comércio. Já outros dois servidores receberam R$ 80 mil a mais do que os valores devidos pelo Legislativo.