O Podemos (ex-PTN) deve mudar de presidente em Alagoas, mas este espaço não deve ser ocupado pelo deputado federal Cícero Almeida, recém-filiado à legenda.

O próprio parlamentar adiantou que deve assumir o diretório municipal de Maceió e apenas compor o diretório estadual do partido.

O atual presidente estadual do Podemos é o advogado Omar Coelho, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas. Ele tem evitado entrar em polêmica sobre o ingresso de Cícero Almeida no partido, sempre enfatizando que essa é uma questão do diretório nacional da legenda.

O imbróglio é que o deputado federal se filiaria ao Podemos para presidir a agremiação no estado, segundo o próprio Cícero Almeida, na edição de 4 de agosto da Tribuna Independente.

Porém, algo ocorreu no meio do caminho e isso parece ter mudado. Até mesmo se ventila na imprensa nacional que a bancada do partido na Câmara dos Deputados estaria desgostosa com a influência do senador Álvaro Dias (PR), pré-candidato à Presidência da República, nos rumos partidários. Inclusive, com a não indicação do parlamentar alagoano no comando da legenda no estado.

Cícero Almeida nega qualquer problema de relação com seus novos correligionários.

“Como meu processo futuro é vir para estadual, então pouco interessava essa briga. Pessoas de Alagoas de quererem o partido a qualquer custo e a Renata Abreu [presidente nacional do Podemos] tomou uma decisão totalmente alheia a interesses de quem quer que seja. Ela vai oxigenar o partido em Alagoas com gente nova e com alguém que possa lhe dar um mandato de federal”.

O parlamentar garante que não quer presidir o Podemos em Alagoas e não ter problemas com ninguém dentro do partido.

“Vou cuidar do municipal, vou ficar com ela [Renata Abreu] na nacional e também vou participar da estadual. Esse lance de presidente de partido, de caciquismo, não me empolga em nada. Quero somar e contribuir com meu estado, meu povo. Essa é minha missão. Quero ajudar Alagoas independente de sigla partidária, ajudar o governador, o senador”, diz Cícero Almeida.

Ele ressalta ter liberdade de voto na Câmara dos Deputados, o que não tinha no PMDB. Ele também elogiou Omar Coelho e Rafael Tenório, pré-candidato ao Senado pelo Podemos em Alagoas.

“Sou querido por todos no Podemos. Fui muito bem recebido e estou sendo bem tratado por todos. Estou tendo autonomia para votar, não recebo pressão de ninguém. Como não recebi do governador e do senador, mas recebia da nacional. O que eu não concordo. O Omar Coelho e o Rafael Tenório são grandes nomes. O presidente do partido, a partir de agora, vai chamá-los para conversar com eles, e acredito que tomarão a melhor decisão para Alagoas”.

OMAR COELHO

O atual presidente do Podemos em Alagoas, evitando polêmicas públicas sobre o ingresso de Cícero Almeida no partido, enfatizou que essa é uma questão da direção nacional da legenda, mas pontuou que algumas situações estão indefinidas.

“Esse tem sido um problema da Executiva Nacional, na verdade, fui convidado para fazer do Podemos um partido diferente do que temos visto, mas os interesses políticos cresceram bastante e hoje está tudo indefinido”, diz o advogado.

Influência de senador teria quebrado acordo

Atualmente o Podemos possui 16 deputados federais – Cícero Almeida é o ingresso mais recente – e a maioria deles quer o parlamentar alagoano no comando do diretório estadual da legenda, conforme teria sido acordado anteriormente pela presidente nacional do partido, Renata Abreu (SP).

Segundo noticiado no portal R7, o não cumprimento do acordo seria influência do senador Álvaro Dias. Para os deputados federais do partido, o paranaense possui intervenção maior do que devia nos rumos partidários.

A reportagem contatou o diretório nacional do Podemos, mas até o fechamento dessa edição não obteve resposta. Também foi contatado o líder do partido na Câmara dos Deputados, Ricardo Teobaldo (PE), mas também não houve resposta.

Nessa queda de braço, Omar Coelho teria sido indicado para presidir o partido em Alagoas por influência do senador Álvaro Dias. 

A autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o PTN mudasse para Podemos tem apenas um mês e meio e o partido já parece passar por uma crise de relação interna.

Assim que houve a troca de nome também houve a mudança de comando do partido em Alagoas, de Felipe Sarmento por Omar Coelho.

Outro destaque nacional da legenda é o senador Romário (RJ), que deve ser candidato ao governo fluminense. Ele e Álvaro Dias são os dois senadores do Podemos.

Na edição da Tribuna de 4 de agosto, Cícero Almeida afirmou que uma das condições de sua ida ao Podemos era o apoio à reeleição de Renan Filho e de Renan Calheiros – ambos do PMDB – ao Governo do Estado e ao Senado.