Política

Funaro diz que há impasse sobre benefícios e tempo de prisão após delação

Ele disse que não está satisfeito com proposta do Ministério Público sobre tempo em que permanecerá preso

Por G1 / TV Globo 17/08/2017 01h50
Funaro diz que há impasse sobre benefícios e tempo de prisão após delação
Reprodução - Foto: Assessoria
O doleiro Lúcio Funaro afirmou a jornalistas nesta quarta-feira (16) que ainda não tem previsão de assinar o acordo de delação premiada que é negociado com o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo Funaro, há uma "dificuldade" entre as partes de se chegar a um entendimento sobre os benefícios que ele terá após a assinatura do acordo, principalmente sobre o tempo em que o doleiro permanecerá preso.

Por meio do acordo de delação premiada, há uma troca entre o delator, que conta o que sabe sobre crimes, e as autoridades, que o premiam com uma possível redução da pena. Normalmente, os delatores têm de cumprir pena em regime fechado, antes de obterem a progressão de pena.

Após participar de uma audiência de operação que investiga irregularidades em financiamentos do FI-FGTS para a Caixa Econômica Federal, da qual é réu, Funaro conversou rapidamente com jornalistas.

Questionado sobre a assinatura do acordo, o doleiro afirmou que a sua defesa fez uma proposta sobre o tempo em que ele deverá ficar preso em regime fechado, mas que, na contraproposta, o MPF apresentou um tempo "bem diferente, muito distante do que eu queria".

De acordo com Lúcio Funaro, está "difícil" chegar a um acordo sobre por quanto tempo ele permanecerá em regime fechado.

Delação

Em junho, Lúcio Funaro decidiu mudar de advogado e contratou o mesmo escritório que defende o também doleiro Alberto Yousef. O jurista Antônio Figueiredo Basto é especialista em delações premiadas e ajudou a costurar o acordo de Youssef com a Justiça.

Em depoimento à Polícia Federal, Funaro disse que o presidente Michel Temer sabia do pagamento de propinas na Petrobras. Nas negociações de delação premiada, ele também disse que Temer orientou a distribuição de dinheiro desviado da Caixa Econômica Federal. A assessoria do presidente nega as acusações.

Em um de seus depoimentos – no último dia 7 – Lúcio Funaro também relatou que fez várias entregas de "malas de dinheiro" nas mãos do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) em uma sala do aeroporto de Salvador.

Nesta quarta, ao ser questionado sobre se já havia relatado tudo o que sabia ao MPF, Funaro disse que não e que ainda tem coisas para revelar no acordo de delação.

Indagado, então, se os fatos novos poderiam envolver o presidente Michel Temer, respondeu: "Também".

Cunha

Nesta quarta, o colunista do G1 Matheus Leitão informou que a Procuradoria Geral da República (PGR) paralisou as negociações para uma eventual delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato desde outubro do ano passado.

Cunha é ligado a Funaro, que é apontado com o operador do peemedebista nos esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato.

De acordo com o Blog do Matheus Leitão, uma pessoa com acesso às negociações informou que as informações prestadas por Cunha foram consideradas insatisfatórias, diante da expectativa criada com o eventual acordo.