Política
"Combate à violência contra a mulher não é disputa entre sexos", afirma promotora
Coordenadora de campanha do MPE destaca importância em denunciar agressão
O portal Tribuna Hoje realizou, ontem (14), mais uma edição do TH Entrevista com a promotora titular da 38ª Promotoria de Justiça da Capital, Maria José Alves. Em vídeo, ela falou à repórter Ana Paula Omena sobre o “Agosto Lilás”, do Ministério Público Estadual (MPE), na qual coordena, e sobre a violência contra a mulher que é o mote da campanha.
Entretanto, a promotora faz questão de enfatizar que o combate à violência contra a mulher não é uma disputa entre os sexos.
“Não é uma luta de mulheres contra homens, e sim de mulheres e homens que sabem que a violência não é caminho. A campanha visa, principalmente, a conscientização de toda a população para quebrarmos a questão da omissão e para, claro, que a mulher vítima de violência saiba que ela precisa denunciar, que é importante que ela fale, grite”, explica Maria José Alves.
A campanha foi lançada pelo MPE no último dia 5 com uma ação, realizada pelos membros da instituição, no Calçadão do Comércio, no Centro de Maceió.
“Escolhemos o Calçadão porque lá transitam pessoas de todas as classes e níveis sociais”, pontua Maria José Alves.
Ela também ressaltou que a rede de organizações que tratam da violência contra a mulher precisa ser robustecida e as vítimas de violência precisam de trato diferenciado.
“As mulheres chegam completamente vulneráveis, desacreditadas e desacreditando, com a autoestima lá embaixo, e é preciso ter uma acolhida diferenciada. Não se pode se preocupar apenas com o inquérito”, afirma.
Promotoria tem mais de 10 mil registros
Durante a entrevista ao portal Tribuna Hoje, a promotora Maria José Alves revelou que na 38ª Promotoria de Justiça da Capital, na qual é titular e que atua exclusivamente em casos abrangidos pela Lei Maria da Penha, há mais de dez mil casos registrados.
“Hoje nós temos 10.284 procedimentos. Eles se dividem entre medidas protetivas de urgência e os feitos criminais e 99% de nossas medidas são de natureza cível”, relata.
Ainda de acordo com ela, ocorreram no último ano cinco tentativas de feminicídio – quando a mulher é vítima de violência pelo fato de ser do sexo feminino –, três casos de estupro, dano ao patrimônio, além de ameaças e lesões corporais.
“Foram 3.600 ameaças e 2.700 lesões corporais. Só pelos números se percebe que os maiores crimes são ameaças e lesões. Também há muitos crimes contra a honra, calunia e injuria”, completa.
Em sua avaliação, os mais de 10 mil registros significam que as mulheres estão perdendo o medo de denunciar as agressões.
“O número assusta, mas as mulheres estão perdendo o medo de denunciar. Esses 10.800 casos dizem que essas mulheres ousaram denunciar, elas quebraram o silêncio. Também seus vizinhos e os familiares. Essas pessoas deixaram o comodismo da omissão. Os maiores aliados da violência contra a mulher são a omissão e o silêncio”, diz Maria José Alves.
A promotora destaca o “Ligue 180” como canal de denúncia a caso de violência contra a mulher.
As ligações podem, inclusive, ser feitas de forma anônima.
Mais lidas
-
1Grave acidente
Jogador da base do CSA tem amputação parcial de uma das pernas
-
2A hora chegou!
‘A Fazenda 16’: Saiba quem vai ganhar e derrotar os adversários no reality da Record TV
-
3Falência
Laginha: Alagoas vai receber R$ 160 milhões
-
4Streaming
O que é verdade e o que é mentira na série Senna, da Netflix?
-
5Provedores de Internet
Associação denuncia ataque em massa que pode prejudicar mais de meio milhão de internautas em Alagoas