Política

Esquerda de AL se une contra Temer, mas deve seguir caminho distinto nas eleições

Partidos da Frente Brasil Popular deverão ocupar diferentes palanques em 2018

Por Tribuna Independente 22/07/2017 10h30
Esquerda de AL se une contra Temer, mas deve seguir caminho distinto nas eleições
Reprodução - Foto: Assessoria

Desde que Michel Temer (PMDB) assumiu a Presidência da República, a maioria dos partidos de esquerda organizou, com movimentos sociais, a Frente Brasil Popular. Em Alagoas, essa iniciativa não teve fôlego e, no início de julho deste ano, algumas legendas decidiram reorganizar tudo.

Reuniões e plenárias têm sido realizadas com os partidos de esquerda. O foco: oposição a Temer e “lutar pela democracia no país, contra os abusos do Judiciário”. Falta cerca um ano para as convenções partidárias para as eleições de 2018 e é natural que o êxito da Frente nesse período influa nas coligações. Porém, há pedras no meio do caminho.

Se a eleição fosse “amanhã”, é bem provável que em Alagoas esses partidos ocupassem palanques diferentes. O PDT é base de apoio de Rui Palmeira, do PSDB, em Maceió; o PCdoB é base de Renan Filho, do PMDB, no Governo do Estado; O PT rompeu com os peemedebistas, mas pode recompor; o PSB dialoga com tucanos e com os Calheiros; e para o Psol, essas alianças inviabilizam qualquer composição eleitoral.

Em boa medida, todos os dirigentes ouvidos enfatizaram que o momento é de unidade em torno do objetivo da Frente.

Para Ricardo Barbosa, presidente estadual do PT, a aproximação com o senador Renan Calheiros não deveria ser empecilho para que a Frente desdobre em aliança eleitoral. “Nosso foco é eleger Lula e queremos o maior número de forças nesse objetivo. Também é importante destacar o papel do senador Renan no combate às políticas de Temer, que atacam os direitos dos trabalhadores”.

Para Lailson Gomes, vice-presidente estadual do PDT, “2018 só em 2018”. “Somos oposição a Temer e suas políticas, assim como à tentativa de enfraquecimento da democracia no país, tendo a Lava Jato, que é importante, como instrumento disso”.

Já Gustavo Pessoa, presidente de Maceió do Psol, aponta que as relações políticas com PMDB e PSDB em Alagoas são um problema.

“Por mais que haja afinidade na questão nacional, inclusive sobre a condenação sem provas de Lula, as alianças locais dos demais nos afastam”, resume.

Realidades nacional e local influenciam

A conjunção entre as situações nacional e local é, talvez, a equação a ser resolvida.

“Poderemos ter a primeira eleição, pós redemocratização, sem a participação de Lula na campanha. O impacto disso é uma incógnita”, comenta Gustavo Pessoa.

O PSB em Alagoas, presidido por Kátia Born, ainda não participa das atividades e reuniões da Frente Brasil Popular. Segundo a dirigente, “primeiro é preciso resolver os problemas internos junto ao Diretório Nacional”, leia-se relação com JHC.

Porém, Kátia Born ressalta que ainda é cedo para falar em coligações para as próximas eleições.

“Tudo pode acontecer, o cenário nacional influenciar os partidos no estado, a exemplo da candidatura de Ciro Gomes [PDT]. Ou mesmo as coisas se derem apenas com  base na realidade local. Ainda é cedo”, analisa.

Além das candidaturas a presidente do país, os partidos também possuem seus projetos locais. Ronaldo Lessa, por exemplo, pode vir a ser candidato ao Senado, o que facilitaria a construção de palanque para Ciro Gomes em Alagoas.

Para Ricardo Barbosa, é preciso primeiro “garantir que haja eleição em 2018, porque do jeito que as coisas estão hoje, é possível que não tenha”, afirma.

PHS

O PHS de Givaldo Carimbão não pertence ao que se entende por esquerda no Brasil. A legenda está mais para centro. Entretanto, o parlamentar tem sido voz ativa contra o governo de Michel Temer, assim como foi contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

O parlamentar foi um dos que discutiram, no início deste mês, a reorganização da Frente Brasil Popular em Alagoas, mesmo o PHS não a compondo em nível nacional.

Na ocasião da reunião que discutiu a reorganização da Frente Brasil Popular em Alagoas, ele lembrou: “denunciei o golpe contra a Dilma [Rousseff, PT] na tribuna da Câmara dos Deputados, mesmo meu partido votando a favor, no dia da votação. Hoje a maioria da bancada do PHS é contra o Temer”.

A reportagem da Tribuna Independente tentou contatar Cláudia Petuba, presidente estadual do PCdoB, mas ela não atendeu aos telefonemas.

Presença de Lula em 2018 é incerta

A recente condenação de Lula a nove anos prisão pelo juiz federal Sérgio Moro pode resultar em inelegibilidade do petista. Caso o Tribunal Regional da 4ª Região confirme a condenação, decretando ou não a prisão do ex-presidente. Em caso de prisão, Lula nem mesmo poderá percorrer o país para pedir votos a outro candidato. Se ocorrer, será a primeira vez desde 1989 que ele não participa de uma eleição no Brasil e não se sabe ao certo que comportamento terá o eleitorado diante disso.