Política

Livro sobre queda do ex-governador Divaldo Suruagy será lançado

Historiador da Uneal, Luiz Gomes enfoca na participação das polícias

Por Tribuna Independente 14/07/2017 08h54
Livro sobre queda do ex-governador Divaldo Suruagy será lançado
Reprodução - Foto: Assessoria

Será lançado na próxima segunda-feira (17), às 8h, no auditório do Sindicato dos Bancários, no Centro de Maceió, um livro sobre a importância da participação das polícias Civil e Militar na saída de Divaldo Suruagy do Governo do Estado, em 1997.

A data foi escolhida a dedo por ser o vigésimo aniversário daquele 17 de julho. O autor da obra, intitulada “O Levante de 1997 – Policiais civis e militares na derrubada do governador Suruagy”, é o professor de História da Universidade Estadual de Alagoas, Luiz Gomes.

“Esse episódio é o mais importante da história recente de Alagoas, tanto quanto o Quilombo dos Palmares, no Período Colonial. Mas no Período Republicano, esse é o mais significativo porque o povo unido, com policiais e servidores em geral tiraram um governador do poder que desmantelou os serviços públicos e desmontou o estado de Alagoas”, afirma Luiz Gomes.

Para o historiador, se as policias não tivessem aderido às manifestações o desfecho poderia ter sido outro, sem a queda de Suruagy do Governo do Estado. Ele pontua que o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) foi fundamental nessa adesão.

“A união das policias só se deu graças ao Sindpol, que foi a ponte com os militares. A tese que sustento é que sem o Sindpol não haveria diálogo com a Polícia Militar. O sindicato cumpriu papel insubstituível. No dia 17 de julho, o Exército estava nas ruas para proteger o governador e a Assembleia, convocada para apreciar um pedido de impeachment e a base do Suruagy era de 24 dos 27 deputados, gigantesca. Após o tiroteio, que durou cerca de três minutos, essa base se esfacelou”, argumenta o autor do livro.

Autor defende mais debate sobre o 17 de julho

Para o historiador Luiz Gomes, a queda de Divaldo Suruagy, ocorrida em 17 de julho de 1997 após uma série de manifestações realizadas por alguns meses, precisa ser mais discutida.

“Esse episódio deve ter muito mais discussão por sua relevância. Se colocou abaixo um representante típico das oligarquias, dos usineiros, que sangrava o Estado. Naquela Época, usineiro não pagava ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], a tal ponto que a Casa Vieira pagava mais que toda a Cooperativa dos Usineiros. Tivemos o Escândalo das Letras, a falência do Produban. Suruagy era a representação típica da elite corrupta e predadora”, afirma.

A falta de mais debates e análises sobre aquele período, segundo ele, se deve a alguns fatores, entre eles a proximidade histórica.

“O fato de ser algo muito recente na Historia não permite estudos mais aprofundados. Há o desafio de sistematizar tudo, como documentos primários. Acredito que esse deva ser um papel das universidades”, diz.

RELEMBRE

Divaldo Suruagy foi eleito governador, em 1994. Ele não conseguiu evitar o reflexo das ações de seus antecessores e a economia do estado entrou em colapso. Os servidores públicos ficaram meses sem receber salários, e muitos chegaram a cometer suicídio.

No dia 17 de julho de 1997, Suruagy renunciou ao cargo após confusão na Praça Dom Pedro II, onde fica Assembleia Legislativa. Mais de 10 mil pessoas queria entrar no local para acompanhar a discussão sobre um pedido de impeachment do governador. Militares do Exército faziam a segurança porque ambas as policias aderiam às manifestações. Houve tiroteio, mas ninguém se feriu.