Política
“É incestuosa a relação do governo Temer com as petroleiras”
Para Cesar Prata, presidente do conselho de óleo e gás, da Abimaq, Brasil egue na contramão do mundo
O petróleo parece mesmo ter sido a motivação central para o golpe contra a democracia brasileira, deflagrado em 2016. Isso porque as primeiras vítimas do novo regime foram o antigo modelo de partilha na exploração do pré-sal, sob o comando da Petrobras, e a política de conteúdo nacional, que favorecia as indústrias nacionais, que fornecem equipamentos para a indústria de óleo e gás.
Com Temer, a Petrobras cedeu campos do pré-sal para companhias internacionais, como Total e Statoil, mudou o modelo de partilha para concessão e, agora, escancarou a cadeia produtiva do setor, acabando com a política de conteúdo nacional. Com isso, empresas estrangeiras não apenas poderão explorar o pré-sal, como poderão trazer plataformas de fora do País.
Tal decisão revoltou os empresários do setor, que já estimam o corte de 1 milhão de empregos, num Brasil, que, com Temer, foi a 13 milhões de desempregados. "É um absurdo completo", diz Cesar Prata, presidente do conselho de óleo e gás, da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em entrevista aos jornalistas Leonardo Attuch e Paulo Moreira Leite. "No momento em que o mundo se torna mais protecionista, para proteger seus empregos, o Brasil decidiu ir na contramão", afirma.
Prata afirma ainda que os empresários foram "iludidos e traídos" pelo governo Temer e pelo ex-chanceler José Serra. "O que se comenta no mercado é que há uma relação promíscua entre este governo e as empresas internacionais de petróleo", afirma.
O empresário diz ainda que, antes de se licenciar, o ministro agora licenciado Eliseu Padilha marcou uma reunião com os empresários do setor para debater a política de conteúdo nacional. No entanto, antes disso, o governo já exibia um vídeo, em Houston, meca do petróleo nos Estados Unidos, vangloriando-se do "liberou, geral" no setor.
Cesar Prata diz ainda que a destruição do setor de óleo e gás e da engenharia brasileira representa a volta a um projeto de Brasil colônia. Assista, abaixo, à sua entrevista.
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