Política
Família de vereador Luiz Ferreira clama por justiça em julgamento de réus
Apesar da defesa negar autoria, esposa de médico não tem dúvidas quanto a motivação política
Que a Justiça seja feita, embora a injustiça já tenha ocorrido. Esse é o desejo de familiares e amigos do vereador por Anadia Luiz Ferreira (PPS), médico e professor universitário, assassinado com 13 tiros em setembro de 2011, numa suposta emboscada sob a hipótese de queima de arquivo. Investigações policiais colocaram a prefeita da cidade à época, Sânia Tereza Barros, na prisão como mandante do crime.
“Meu marido não compactuava com as falcatruas da ex-prefeita. Ele foi executado no dia 3 de setembro, há cinco anos, numa emboscada, ele queria mudar a vida de Anadia, praticar a política com P maiúsculo e o eliminaram numa crueldade sem limites”, defendeu.
“Esperamos que os réus sejam condenados porque a polícia comprovou tudo o que aconteceu, agora está nas mãos da Justiça, cabe a ela cumprir o seu papel. Essas pessoas não são de bem, possuem mentes criminosas e cruéis. O assassinato do meu marido foi tramado. Estar aqui nesse julgamento é estranho, minha família é honesta, nós não pertencemos a esse mundo, pertencemos ao mundo de estudo e trabalho”, desabafou Rita Name.
Conforme a esposa do vereador, o enriquecimento ilícito da ex-prefeita estava explícito para qualquer um ver. “O meu marido como vereador estava vendo e não aceitava essas falcatruas, mas ele não chegou a denunciar nada. Ele via por onde a política de Anadia estava indo. Esse crime foi político, estão querendo apontar defesas de que seria crime passional, foi um assassinato para eliminar um homem de bem da política do Estado. Esse crime pode acontecer com qualquer uma pessoa de bem que se envolve na política”, alertou.
QUEBRA DE SIGILO
O promotor de acusação Paulo Barbosa Almeida Filho, que substitui José Antônio Malta Marques da 9ª Vara Criminal, enfatizou que irá mostrar a realidade dos autos aos jurados presentes (cinco mulheres e dois homens). Segundo ele, no inquérito policial conduzido por três delegados, foi decretada a quebra de sigilo telefônico e do e-mail de um dos réus Alessander Leal, esposo de Sânia Tereza, e por meio deles, se chegou aos outros números telefônicos consequentemente às pessoas dos acusados.
“A instrução culminou na confissão dos dois réus que serão julgados: Tiago dos Santos Campos, motorista na ação criminosa, e Ewerton Santos Almeida, - que ocupava o banco de trás do carro, na função de assumir o uso indevido da arma de fogo, caso fosse pego numa blitz. Eles não só confessaram como também delinearam como se deu toda a ação criminosa, inclusive incriminando Alessander Leal”, frisou o promotor.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
“O homicídio foi cometido na forma de associação criminosa, são seis denunciados, dos quais, três serão julgados nesta quinta-feira. A participação da ex-prefeita foi de autora intelectual. Alessander teve como função coordenar os trabalhos da quadrilha. O papel de Adailton que não vai ser julgado hoje, por um recurso da pronúncia que suspendeu o julgamento dele, foi a de cooptar os pistoleiros, isto é, os autores materiais Alemberg, foragido e autor dos disparos, através de seu irmão Leonardo, que também não foi denunciado por não ter sido encontrado”, salientou.
Segundo o promotor, todos eles foram responsáveis pela morte do vereador Luiz Ferreira há cinco anos, independentemente da participação. A motivação do crime foi política e, para Paulo Barbosa, não tem como fugir dessa seara. “A vítima além de médico era professor e um vereador bastante combativo que apesar de ser da situação não compactuava com as práticas fraudentas e criminosas da prefeita na administração municipal de Anadia. Se aproximava também uma votação na Câmara para alteração do regimento interno, e que não aconteceu por uma falta de energia no dia, até existem rumores de que teria sido criminoso esse apagão”.
“Se alterado o regimento, permitiria o afastamento da prefeita com dois terços do quórum: seis de nove vereadores. Já existiam cinco votos a favor do afastamento, o do vereador Luiz Ferreira seria justamente o sexto voto, e ele já tinha externado publicamente que votaria pelo afastamento. O doutor seria um empecilho à carreira da prefeita e ela se viu ameaçada de perder o mandato por conta desse voto de minerva, decisivo”, detalhou a promotoria.
O promotor lembrou que apesar do assassinato do vereador, a ex-prefeita foi cassada por conta dos desvios na gestão executiva e está presa aguardando julgamento, e só não está sendo julgada nesta quinta-feira por interposição de recurso.
NEGATIVA DE AUTORIA
O advogado de defesa dos réus, Raimundo Palmeira, enfatizou que a tese será de negativa de autoria porque, segundo ele, não há consistência na acusação. “O único crime que existe sem motivação é o do doente mental. Surgiu um crime bárbaro e se imputou a prefeita Sânia e seu esposo a autoria intelectual por motivação política, de que ela não queria que o doutor Luiz fosse candidato a prefeito, isso foi quebrado no curso da instrução criminal porque a defesa conseguiu provar, que muito pelo contrário, doutor Luiz era o candidato da Sânia”, destacou.
“Esse casal sofre há cinco anos estão cumprindo uma pena equivalente há 20 anos; mesmo inocentado hoje, o Alessander leva cinco anos de cárcere onde dentro do sistema penitenciário tem um comportamento exemplar, foi ele quem criou o módulo do respeito, aonde vão aquelas pessoas de bom comportamento. Crime de desvios? Cadê a apuração e a condenação de Sânia que sofre junto com o esposo presa?”, indagou Raimundo Palmeira.
Sânia foi afastada do cargo não pelos desvios, mas pela autoria do crime contra o vereador Luiz Ferreira. “Ela tinha uma grande bancada de oposição na Câmara. Foi afastada preventivamente e não voltou por conta do curso do processo e o mandato terminou. Não há provas de que houve desvios até hoje”, mencionou.
Paira uma dúvida de que adversários políticos de Sânia Tereza possam ter perpetrado o crime contra o vereador Luiz Ferreira. Para o advogado de defesa a suspeita é grande, porque ela formava uma ampla liderança em Anadia e as possibilidades são enormes. “Quando o órgão policial escolhe um culpado e não cedem as diversas linhas de investigação, para a sociedade só apresenta-se aquele culpado. Faz com que elementos sensíveis do crime desapareçam, mas se levanta a possibilidade de forças políticas querendo destruí-la ter destruído o próprio doutor Luiz, porque com o apoio de Sânia era uma força política nascente, e isso não foi investigado”, pontuou Palmeira.
“A defesa acredita na justiça da sociedade, de que se houver prova condene, agora se a acusação não conseguir provar que Alessander seja absorvido. Nos autos não há elemento mínimo sobre a autoria do crime”, concluiu.
A irmã do vereador Maria Lúcia de Souza, que reside em Salvador, estava no plenário e disse não ter dúvidas de que foi Sânia Tereza a mandante do crime. “Meu irmão era um homem honesto, um líder que queria muda Anadia, salvou a vida de muita gente e não conseguiu salvar a própria, a morte dele foi motivada sem dúvidas após o anúncio numa rádio de Maribondo de que iria se candidatar a prefeito de Anadia, seria um grande adversário da ex-prefeita”, finalizou.
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