Política

Cobrança junto ao Governo Federal permanece, diz novo presidente da AMA

Para Hugo Wanderley, Brasília precisa ser mais justa com prefeituras

Por Tribuna Independente 12/02/2017 08h00
Cobrança junto ao Governo Federal permanece, diz novo presidente da AMA
Reprodução - Foto: Assessoria

Hugo Wanderley (PMDB), prefeito de Cacimbinhas, já teve o desafio de gerir a União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), agora terá pela frente a administração da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA). Eleito em consenso para o biênio 2017-2018, ele concedeu entrevista para a reportagem da Tribuna Independente e falou sobre o início do trabalho na entidade municipalista e garantiu fazer uma gestão de parceria com todos os prefeitos.

Tribuna Independente - A crise econômica e política ainda estão em alta e gera preocupação para os municípios. Qual o perspectiva para 2017? Será um ano de dificuldades?

Hugo Wanderley - O ano de 2017 será de muitas dificuldades. Vivemos um cenário nebuloso na economia nacional. A instabilidade política também dificulta que nós possamos enxergar alguma abertura do cenário que está por vir. Agora é o momento de os prefeitos terem muita cautela, segurar as rédeas da administração, enxugar gastos, fazer cai-xas de emergência, para que possamos ultrapassar essa tempestade sem correr o risco de desmantelar as máquinas públicas, mantendo as contas minimamente em dia com fornecedores e folha de pagamento.

Tribuna Independente - Como estão sendo seus primeiros dias de gestão na AMA?

Hugo Wanderley - Estamos fazendo levantamento de pessoal. Temos uma equipe muito boa e que trabalha há um bom tempo aqui. Acredito que maioria do pessoal será mantido aqui. Iniciamos nossos trabalhos com a abertura do evento da Controladoria Geral da União (CGU), que foi importantíssimo que contou com a participação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). As capacitações que realizamos com o auxílio desses órgãos são fundamentais. Esse trabalho preventivo junto com os gestores e com os controladores. A AMA sempre tem orientado aos prefeitos a importância de reforçar esses quadros dentro do município. É um momento de muita dificuldade de arrecadação dos municípios, então a gente tem que capacitar os técnicos municipais para que eles possam incrementar melhor as receitas dentro do município. Porque sabemos que existe uma cultura dentro das pequenas cidades de não se pagar o IPTU e o ISS, impostos municipais. Então a gente tem que está capacitando o pessoal para que possamos juntos, superar essa crise e incrementar receita dentro dos municípios.

Tribuna Independente - As bandeiras de lutas tradicionais no munici-palismo têm sido o aumento do FPM e aumento dos repasses do governo federal para custeio de serviços. O que deve ser acrescido este ano nas de-mandas junto ao governo federal?

Hugo Wanderley - Além disso, a AMA tem lutado também na disparidade do tratamento do governo federal com seus entes federados. Nós sabemos que o governo federal cria muitas tarefas para os munícipios, mas não aponta de onde vai sair os recursos para mantê-los. Então as cidades têm perdido muito. Com o tempo, a AMA e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) tem conquistado algumas vitórias dessa pauta municipalista, como o 1%, a questão da multa da repatriação, mas também temos muitas outras pautas tramitando no Congresso. Nós vamos trabalhar firmes junto com a bancada federal para que possamos avançar e que os munícipios possam ter um alívio financeiro nos próximos anos.

Tribuna Independente - A transparência ainda é um problema que as prefeituras alagoanas precisam se adequar e cumprir a lei. O que deve ser feito para que os municípios atendam a legislação?

Hugo Wanderley - Não vejo a transparência como um problema, vejo ela como uma solução. É importante que o gestor esteja atento a essas questões, praticamente todos os prefeitos estão tentando acertar nesse quesito. É muito importante e a população clama por transparência. O povo quer saber como está sendo gastos os recursos públicos. Então é importante os gestores estarem antenados à modernização. Temos hoje uma grande leva de novos gestores, prefeitos jovens que estão se adaptando facilmente a essa questão. A AMA tem trabalho forte nesse sentido, buscando parcerias com o TCE, com a CGU, que por sinal tem uma parceria muito estreita com a nossa instituição, para capacitar, esclarecer os gestores da importância da transparência.

Tribuna Independente - Qual a dificuldade dese ter uma transparência mais clara?

Hugo Wanderley - O problema está na alimentação dos dados. As vezes as prefeituras precisam procurar uma empresa que tenha a responsabilidade de alimentar o portal. Importa muito você ter um controlador experiente no município, que entenda, saiba qual a importância daquela ferramenta e que alimente regularmente aquele site. Por isso temos orientado os prefeitos sobre a importância de ter uma controladoria, de ter uma procuradoria atuando forte dentro da administração.

Tribuna Independente - A AMA tem os 102 municípios associados? Qual a condição orçamentária da instituição e como é destinado os recursos re-passados das prefeituras à AMA?

Hugo Wanderley - Hoje temos os 102 municípios associados. Ainda estou fazen-do levantamento financeiro da instituição. Claro que a AMA tem sofrido um abalo por conta da queda dos repasses do FPM. A AMA não tem mais os mesmos repas-ses, anterior à crise, mas investimos muito na capacitação, através dos cursos. Temos um quadro de técnicos competentes e que acompanham o dia a dia dos municípios na área da seca, que auxilia na elaboração dos decretos, tirando as dúvidas dos prefeitos.

Tribuna Independente - Além ser uma instituição importante na defesa municipal, a AMA também pode ser considerada fundamental para a composi-ção e organização tanto nas eleições municipais como gerais?

Hugo Wanderley – A AMA é uma entidade apartidária. Tradicionalmente, tem feito eleições por consen-so, inclusive nessa última eleição foram contemplados todos os segmentos políticos. Então a AMA não se envolve diretamente em eleições. É natural que cada prefeito disputa a eleição dentro dos seus partidos, mas a entidade não se envolve politicamente nessas questões.