Política

Rui Palmeira terá de cumprir uma proposta de governo por semana, em média

Programa do prefeito registrado na Justiça Eleitoral conta com 204 itens

Por Tribuna Independente 07/01/2017 13h16
Rui Palmeira terá de cumprir uma proposta de governo por semana, em média
Reprodução - Foto: Assessoria

Durante uma campanha eleitoral, os candidatos fazem o que podem para se mostrar o mais preparado para assumir a função que pleiteiam. E o fazem das mais variadas formas, investindo em seus guias eleitorais, arregimentação de apoios e elaborando propostas nas mais variadas áreas de atuação com as quais lidará caso eleito. Cada vez mais os programas de governo dos candidatos estão robustecidos de forma a aparentar ao eleitor que todos os problemas que o afligem serão tratados no próximo período.

Reeleito com 241.977 votos (60,27% dos válidos), em segundo turno, Rui Palmeira (PSDB) terá de concretizar uma proposta de seu programa de governo por semana. Ao todo, o tucano registrou junto à Justiça Eleitoral 204 itens a serem executados nos próximos quatro anos.

O grande volume de compromissos assumidos com o eleitor maceioense impõe um ritmo pesado para sua equipe de governo na Prefeitura Municipal. Além disso, será preciso contar com as nuances legais e contábeis, buscar recursos e lidar com o funcionalismo do município, o que pode gerar atrasos no cronograma de ações do Poder Executivo de Maceió.

Entre as propostas mais ousadas, estão a criação de Bus Rapid Transit (BRT) em quatro pontos da cidade  e o “Revitaliza Maceió”, que prevê a revitalização de praças; implantação de jardins filtrantes; construção de viadutos e eixos viários; pavimentação de 600 vias; e o combate às línguas sujas na orla maceioense.

BRT é um sistema de transporte público com design, serviços e infraestrutura baseado em ônibus que passa a operar em faixa exclusiva, cujo acesso de demais veículos não é permitido fisicamente. Mal comparando é como se fosse uma ciclovia para ônibus.

Em relação à quantidade de vias a serem pavimentadas, a segunda gestão de Rui Palmeira terá de entregar uma via a cada 2,43 dias para cumprir esse item de seu programa de governo dos próximos quatro anos.

Na área da educação, Rui propõe construir 20 novos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Para atingir essa meta, em quatro anos, Rui precisa entregar uma unidade a cada 73 dias. Também consta no programa de governo do tucano, reforma de 40 escolas em quatros anos, ou seja, uma a cada 36,5 dias.

COORDENAÇÃO

Além do próprio prefeito Rui Palmeira, a articulação política entre as secretarias e agentes públicos externos será de responsabilidade da Secretaria Municipal de Governo (SMG) e do Gabinete de Governança (GGOV), recém-formatados após a reforma administrativa na prefeitura aprovada em dezembro.

A reportagem da Tribuna Independente tentou contato com Tácio Melo, responsável pela SMG, para saber dele como a prefeitura vai atuar para cumprir o extenso programa de governo do segundo mandato de Rui, mas não obteve sucesso.

Tácio Melo passou a maior parte do primeiro mandato do tucano à frente da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT).

Volume de propostas é fruto de pesquisas de opinião

Para o sociólogo Carlos Martins, o grande volume de propostas contido em programas de governo é fruto de pesquisas de opinião pública, que apontam o que mais se deseja a ser realizado pelo governo.

“Os candidatos, pelo menos os com possibilidade de vitória, fazem pesquisa de opinião para saber o que a população entende como prioritário. Em cima disso, eles produzem todo o tipo de promessas e se a opinião da população mudar, os programas e propostas o fazem também”, comenta.

Outro fator a ser levando em consideração é o nível de carência da população – no caso, de Maceió – que, segundo o sociólogo busca por sujeitos com todas as respostas aos seus problemas.

“Estamos diante de uma população extremamente carente e à procura de sujeitos paternalistas e messiânicos. No marketing politico, quem melhor entrar na cabeça das pessoas e vender essa esperança a partir de suas propostas tem vantagem na disputa eleitoral. É por isso que se apresentam um conjunto de propostas que, em termos concretos, não são possíveis de serem concretizadas”, afirma.

CONCORRÊNCIA

Se o programa de Rui Palmeira para os próximos quatros anos é extenso, o de seu principal concorrente na eleição é ainda maior. O programa de governo de Cícero Almeida (PMDB) possuía cerca de 300 propostas. Se eleito, para cumprir 100% delas, o peemedebista teria que executar cada uma num período menor que sete dias.

JHC (PSB), 3º colocado em 2016, registrou programa com apenas 69 propostas.

Grande número de promessas também é por 2018, diz sociólogo

Segundo o sociólogo Carlos Martins, há que se levar em consideração a possiblidade concreta de ele ser candidato ao governo de Alagoas em 2018 como um fator que o programa de governo de seu segundo mandato seja volumoso.

“Toda gestão que inicia tem que produzir impacto porque ainda está no calor das eleições e a população ainda está voltada para o candidato que venceu a disputa. Geralmente, se criam programas e incrementam os que já existem. Isso ajuda a manter a sensação do processo eleitoral e da aprovação da opinião pública de sua gestão que rendeu a vitória. Como Rui é pretenso candidato a governador de Alagoas, acredito que nos próximos dois anos deve fazer uma gestão-propaganda eleitoral e continuará em campanha em 2017. Há uma máxima no marketing político que governar é fazer campanha permanente. Por isso, Rui deve criar um carro-chefe para tentar se projetar como candidato forte ao governo”, analisa Carlos Martins,  em entrevista à reportagem da Tribuna Independente.

CÂMARA

Diante de tanta demanda prometida – e tendo em vista a eleição de 2018 –, é preciso que a relação da Prefeitura com a Câmara Municipal de Maceió (CMM) esteja bem azeitada. Seja pela agilidade em sessões públicas e votações, seja para garantir, se for o caso, recursos extras ao orçamento. Nesse quesito, Rui não deve ter problemas.

Ele conta com ampla maioria na Câmara de Vereadores de Maceió, com algo em torno de 16 parlamentares lhe dando apoio. Na legislatura anterior, catorze vereadores o apoiaram formalmente à reeleição e Rui Palmeira não encontrou problemas para aprovar suas demandas.

A reforma administrativa tramitou apenas 22 dias. Os vereadores chegaram a esboçar que a aprovação ocorreria apenas em janeiro deste ano, mas houve um entendimento.