Política

Protestos devem ser intensificados em Alagoas contra medidas de Michel Temer

Movimentos sindical e de trabalhadores do campo garantem mobilização no estado

Por Tribuna Independente 06/01/2017 09h47
Protestos devem ser intensificados em Alagoas contra medidas de Michel Temer
Reprodução - Foto: Assessoria

Os movimentos sociais vão realizar várias mobilizações ao longo de 2017 para tentar barrar a retirada de direitos, segundo eles, promovida pelo governo Michel Temer (PMDB). Isso fora as questões específicas de cada categoria ou setor.

Segundo Emanuelle Vanderlei, diretora executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, mesmo esse tendo mal começado, é possível cravar que haverá muita gente nas ruas.

“A classe trabalhadora está com disposição para lutar e não a perder direitos e os movimentos sociais irão enfrentar todos os retrocessos que estão sendo implantados no país. Nosso instrumento de luta é a rua e é nela que estaremos em 2017”, garante Emanuelle.

Entre as principais medidas adotadas pelo Governo Federal que precisam ser combatidas, os representantes de entidades sindicais elencam as reformas da Previdência e a Trabalhista. Ambas ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional.

“Também é preciso lutar para reestabelecer a democracia plena no Brasil  e para isso é necessário que haja eleição direta para presidente da República, pois o Temer é ilegítimo”, completa Emanuelle.

Para Consuelo Correia, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), as pessoas já começam a perceber como as medidas governamentais de Brasília “são perversas” e isso deve impulsionar as mobilizações em 2017.

“Por exemplo, já se começa a questionar muito a Reforma da Previdência. Imagine um professor com mais de 70 anos na educação básica lidando com crianças e toda a energia que elas possuem? Crianças têm muito mais com o que lidar do que apenas a sala de aula em si”, comenta Consuelo.

A presidente do Sinteal identifica que a indignação já se manifesta nas redes sociais, mas ela espera que isso se transforme em mobilização de rua.

Essa mesma expectativa de mobilização se da nos movimentos do campo. Para Débora Nunes, coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), esse ano é o momento de garantir o que já foi conquistado pelos trabalhadores.

Temer ainda não sentiu reação, diz MST

Para Débora Nunes, 2017 é o ano em que os trabalhadores – do campo e da cidade – devem começar a entender de fato como as medidas adotadas pelo Governo Federal afetarão suas vidas negativamente.

“Até agora, o governo não sentiu de fato uma reação aos desmandos que está promovendo. Essa pouca reação até o momento, em minha opinião, se dá porque muita coisa ainda não foi sentida na pele, pois as medidas começam a vigorar agora em 2017. Porém, já está se vendo as ações de desmonte de conquistas, da politica de reforma agraria e cortes em programas sociais”, pontua a coordenadora do MST.

Débora Nunes destaca que Michel Temer fez grandes cortes orçamentários para áreas sociais (Foto: Sandro Lima  / Arquivo)

No orçamento da União para 2017, Michel Temer promoveu corte de recursos para as ações e instituições ligadas à reforma agrária. Apenas no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o programa destinado à obtenção de terra sofreu redução de 52% e o de reconhecimento de áreas quilombolas, 48%.

Já os recursos para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, referentes aos programas “Fortalecimento e Dinamização da Agricultura Familiar” e o “Programa de Aquisição de Alimentos” sofreram corte de 47% e 38%, respectivamente.

“2017 será um ano muito difícil, mas é preciso que os movimentos sociais atuem para ajudar à população a entender o que se está promovendo no país. Por exemplo, o que é a PEC 55 e como ela afeta a vida das pessoas? Se ouve muito falar em PEC nas ruas, mas pouca gente tem a dimensão dos danos que ela vai causar”, diz.

Para a coordenadora do MST, a formação de consciência de classe requer mais tempo, mas quando as pessoas começarem a sentir as perdas de direitos, a mobilização de rua pode aumentar. “Mesmo assim é preciso dialogar com os novos movimentos que estão surgindo, pois eles, hoje, estão mais na ponta, nas periferias”.