Política

Desarmonia pode ser predominante no cenário político nacional em 2017

Especialistas avaliam conjuntura política e econômica para o próximo ano e análises são de continuidade e agravamento da realidade de 2016

Por Tribuna Independente 31/12/2016 08h53
Desarmonia pode ser predominante no cenário político nacional em 2017
Reprodução - Foto: Assessoria

O ano de 2016 foi bastante agitado, e não só por causa dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, sediados no Rio de Janeiro. O ambiente político e econômico brasileiro agravou o tom de 2015 e faz o país passar por muita turbulência.

Nesse ano, o Brasil passou por um afastamento de presidente, uma quase derruba do chefe do Poder Legislativo, inúmeras disputas judiciais com direito a ríspidos diálogos entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), projetos de lei que congelam o investimento público nacional – um deles, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, por 20 anos – e as cinematográficas ações da operação Lava Jato.

Diante desse cenário, a economia brasileira cambaleia – vide o alto número de desempregados – e parte do patrimônio nacional está à venda em uma liquidação de dar inveja às queimas de estoque promovidas por lojas após datas comemorativas. Então, o que esperar para 2017?

Entre especialistas, a relação economia e política andam a pari passu, uma intervindo na outra. Para a cientista política Luciana Santana, 2017 deve repetir o que ela chama de “ambiente de desarmonia” entre governo e sociedade.

“Esse ambiente tende a se intensificar. Muitas medidas impopulares e rigorosas ainda estarão na pauta política e isso continuará a provocar grande desgaste. Até as eleições de 2018 teremos um ambiente turbulento e de muita incerteza”, analisa Luciana.

Já Ranulfo Paranhos, também cientista político, destaca a disputa pelo poder e a influência da operação Lava Jato na política, principalmente em relação aos mais próximos do presidente Michel Temer (PMDB).

“Teremos em 2017 o MPDB tentando governar, mas sem perder sua característica autofágica e os nomes do núcleo duro do governo estão à mercê da Lava Jato. Ao tempo que nossa economia vai encolher e só uma economia estável pode salvar o governo Temer. Fora isso, temos os movimentos que o SFT e o Tribunal Superior Eleitoral farão ano que vem. Qualquer passo dado por eles muda o jogo completamente. Tudo leva a crer que 2017 será politicamente tenso”, afirma Ranulfo.

ECONOMIA

Já o economista Cid Olival diz ser provável que a instabilidade – política e econômica – de 2016 seguir em 2017 porque o Governo Federal deve seguir com medidas restritivas na macroeconomia.

“Isso significa, principalmente, juros altos, corte de investimentos do governo e redução de programas e projetos que visam à expansão da renda. Porém, o discurso adotado será de que essas medidas são necessárias para que haja crescimento sustentado no futuro, o que não é verdade. A política restritiva agravará a situação da economia brasileira e poderemos ter mais um ano de crescimento negativo do Produto Interno Bruto. No melhor dos cenários, teremos crescimento zero”, analisa Cid.

Quando Brasília espirra, o país fica gripado. Essa frase é uma referência à relação Estados Unidos e Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Mas, ao contrário da correspondência entre os dois países, que se dá por escolhas políticas, a relação de Brasília com os estados é inseparável e, quando há crise política na capital federal, seus reflexos se dão em todo o território nacional.

Para Ranulfo Paranhos, os desdobramentos das decisões políticas adotadas no plano nacional ditarão o comportamento da política local.

ESTADO E MUNICÍPIO

O governador Renan Filho (PMDB) acredita que 2017 será melhor que 2016. O otimismo do governador pode se dar por causa da boa relação com o Planalto. Para se ter ideia, no anúncio de recursos para combater a seca, Alagoas recebeu R$ 60 milhões, proporcionalmente o maior volume de recursos entre os estados da região Nordeste.

Já Rui Palmeira, disse que 2017 será um ano de dificuldades para a Prefeitura de Maceió. Ele ressalta que a situação econômica do país gera reflexos negativos na arrecadação do Município.

Congresso terá ano repleto de embates

Para o deputado federal Givaldo Carimbão (PHS), que já exerceu o papel de líder da Bancada Alagoana em Brasília, 2017 é um ano importante para o cenário político e principalmente econômico.

No plano político, o parlamentar explicou à reportagem da Tribuna Independente que o Congresso Nacional terá uma árdua batalha para discutir a Reforma da Previdência.

“É um projeto que vai irar o sono dos brasileiro e não pode ser aprovado da forma que tem se apresentado. Não podemos permitir que o brasileiro contribua 49 anos para se aposentar. É inadmissível”, avalia o parlamentar.

Outra situação política, citada pelo deputado federal diz respeito ao Senado. Carimbão recorda que o senador Renan Calheiros (PMDB), presidente do Congresso Nacional deixa o mandato em fevereiro. Para ele, quem perde é Alagoas.

“O presidente Renan Calheiros é muito bem articulado. É uma pessoa que conhece as dificuldades do Estado de Alagoas e sua saída representa uma grande perda. Os trabalhos no Senado avançam muito por conta do engajamento de Renan Calheiros”, analisa.

Carimbão também ressalta que 2017 vai exigir muito do governador Renan Filho.

“Renan é um grande gestor e tem tomado medidas importantes para ajustar as contas do Estado de Alagoas. Nos últimos dois anos ele vem apresentando uma política econômica séria, principalmente mantendo os pagamentos de servidores estaduais em dia”, argumenta o parlamentar.

Quanto à Bancada Alagoas, Carimbão diz que há um engajamento grande para trazer recursos para o Estado.