Política

Para secretária de Estado de Cultura, editais têm sido um marco na área

Mesmo com resistências de movimentos culturais, Mellina Freitas elenca avanços em dois anos à frente da Secult

Por Tribuna Independente 17/12/2016 10h37
Para secretária de Estado de Cultura, editais têm sido um marco na área
Reprodução - Foto: Assessoria

O nome de Mellina Freitas para a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) provocou uma “fúria” por parte dos movimentos culturais de Alagoas. Há dois anos no comando da pasta, ela revelou que hoje grande parte destes segmentos respeitam e reconhecem o seu trabalho, e isso se deu porque a Secult trouxe ações inovadoras e de democratização dos recursos públicos para o cultural. Nesta entrevista à Tribuna Independente, a secretária afirma que sente-se satisfeita com a sua atuação, mas reconhece que ainda tem muito mais a desenvolver em prol da cultura alagoana.

Tribuna Independente - Sua nomeação para Secretaria de Estado da cultura foi bastante contestada pelos movimentos culturais em Alagoas. Como esta situação foi contornada?

Mellina Freitas - Desde o primeiro momento eu busquei encarar com naturalidade a resistência ao meu nome e tentar de todas as formas responder com o meu trabalho, desenvolvendo políticas de cultura sérias e que não funcionem de forma isolada, mas sim que deixem um legado. Eu costumo dizer que a política de editais que vem sendo implantada em Alagoas desde o primeiro ano vem sendo ampliada. Esse ano nós dobramos os números de editais, essa política se instalou no nosso Estado e certamente deixará frutos muito positivos porque será muito difícil que outros gestores deixem de realiza-la, seria um retrocesso. Através de um trabalho sério e com muita humildade na busca de um diálogo permanente com todos os segmentos culturais, que eu enfrentei desde o primeiro instante essa resistência.

Tribuna Independente - E hoje como se dá esse contato com os movimentos culturais?

Mellina Freitas - O diálogo tem sido uma constante no nosso trabalho. A cultura em Alagoas, eu diria, que é dividida em castas. São diversos movimentos que existem, músicos, atores, produtores de audiovisual e eventos, temos também um patrimônio imaterial riquíssimo que também é demanda cultural, temos os grupos folclóricos e outros. Desde o primeiro momento eu tive a preocupação de estabelecer projetos que dialogassem diretamente com cada segmento. Não é fácil, é muito difícil, mas é um desafio. Sempre foi uma busca, uma meta que nós conseguíssemos realizar atividades que gerassem resultados não apenas para um movimento, para um segmento e sim para todos. E penso que a partir daí, nós conseguimos, aos poucos, ir nos aproximando de cada segmento deste. Claro que não consegui atingir 100% dessa aproximação, alguns movimentos como os quadrilheiros, cocos de roda, bumba meu boi, a liga das escolas de samba, as academias de letra de Alagoas, Maceió e Palmeira dos Índios, por exemplo, nós temos uma excelente relação. Um dos movimentos de menor aceitação que tive foi junto aos produtores de audiovisual, e mesmo assim nós empregamos políticas muito importantes como um edital de R$ 3 milhões que contempla os produtores de audiovisual aqui em Alagoas e ainda assim com algumas resistências, nós temos avançado nas políticas de cultura.

Tribuna Independente - Há quase dois anos à frente da Secult, quais resultados foram importantes para o cenário cultural no Estado?

Mellina Freitas - A política de editais que democratizou o acesso aos recursos públicos, é um legado que o governo Renan Filho deixa para o segmento cultural. Os estudos para implantação da lei de incentivo à cultura que vêm sendo trabalhados desde 2015, embora não conseguimos ainda levá-lo à Assembleia Legislativa, mas já estamos bem avançados. Os investimentos feitos nas políticas de cultura são totalmente diferenciados, eu tenho dito que isso é fruto da consciência que o governador Renan Filho tem sobre a importância da cultura e ele tem demonstrado isso através dos investimentos nas bases da cultura, que é uma parceria com as polícias e Secretaria de Segurança Pública atuando na prevenção da violência nas áreas de maior vulnerabilidade. Tivemos um investimento de R$ 3 milhões, sendo R$ 1 milhão do Estado de Alagoas e R$ 2 milhões da Ancine, somente em audiovisual e isso vai resultar numa produção de curtas e longas metragens produzidos por alagoanos e que ficará para história.

Tribuna Independente - A cultura do Estado é tão rica e ao mesmo tempo desvalorizada. Como mudar esse conceito e dar mais oportunidades a quem produz conteúdo cultural em Alagoas?

Mellina Freitas - Acredito que estamos no caminho certo, democratizando os investimentos em cultura, dando oportunidade para que os artistas participem de editais, de chamamentos públicos de forma equilibrada, igual, transparente, porque todas os nossos editais são julgados por comissões formadas por profissionais de notório saber, que são isentos, e penso que ao colocar os recursos nas mãos dos artistas, do grupo cultural, do grupo folclórico você dá oportunidade que eles façam o melhor, que é exatamente executar as artes que nós temos em Alagoas.

Tribuna Independente - Com essa mudança na presidência, a cultura acabou entrando na crise institucional com a saída de Marcelo Calero. Recurso federal para incentivo à cultura ficou complicado este ano?

Mellina Freitas - Eu acompanhei com muita preocupação, mas é importante que se ressalte que as políticas de cultura em Alagoas não foram afetadas graças ao compromisso firme, traçado pelo governador Renan Filho. Nós aqui apesar do susto, conseguimos executar todas as nossas ações e mesmo aquelas em parceria com o governo federal seguiram na sua normalidade. Houve essa crise institucional, mas ela está sendo revertida e nada fora do controle.

Tribuna Independente - O que tem planejado para 2017?

Mellina Freitas - Esse próximo ano é o bicentenário da emancipação política de Alagoas. É o momento de reflexão sobre toda a nossa história, das nossas tradições, um ano relevante que ficará marcado para todos os alagoanos. As ações deverão ser voltadas neste sentido, mas sempre buscando atender as demandas da sociedade e dos movimentos culturais.