Política
Aluna discursa na Assembleia sobre ocupações de escolas no Paraná
No estado são 850 escolas ocupadas, de acordo com os estudantes. Jovem disse que as mãos dos deputados estão sujas de sangue.
Emocionada e com a voz embargada, a estudante Ana Júlia, de 16 anos, fez um discursso sobre a ocupação das escolas no Paraná durante a sessão da Assembleia Legislativa na quarta-feira (26). Ela disse que as mãos dos deputados estaduais estão sujas com o sangue do adolescente Lucas Mota, que morreu dentro de uma escola ocupada no estado.Logo no início do discurso, a adolescente perguntou de quem é a escola e a quem ela pertence. “Eu acredito que todos aqui já saibam esta resposta. E é com a confiança que vocês conhecem esta resposta é que eu falo para vocês sobre a legitimidade deste movimento. Sobre a legalidade”.Ela convidou os deputados estaduais a visitar, participar e conhecer de perto as ocupações. O movimento de ocupações começou nas escolas estaduais no dia 3 de outubro. Segundo a última atualização da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), de sexta-feira (21), o Paraná tem 850 escolas estaduais ocupadas. A Secretaria da Educação fala em 567. De toda forma, o estado tem o maior número de ocupações do país.“É um insulto a nós que estamos lá, nos dedicando, procurando motivação todos os dias, a sermos chamados de doutrinados. É um insulto aos estudantes, é um insulto aos professores. A nossa dificuldade em conseguir formar um pensamento é muito maior do que a de vocês. Nós temos que ver tudo o que a mídia nos passa, fazer um processo de compreensão, de seleção, para daí conseguir ver do que a gente vai ser a favor e do que a gente vai ser contra”, afirmou Ana Júlia.Para ela, este não é um processo fácil para estudantes. “É um processo difícil, não é fácil para estudantes simplesmente decidir a o que lutar. E mesmo assim a gente ergueu a cabeça e estamos enfrentando isso”.Ana Júlia enfatizou que os jovens sabem porquê estão lutando. “A nossa bandeira é a educação. A nossa única bandeira é a educação”. Ela mencionou ainda outros temas que são inerentes à educação que também estão na pauta dos estudantes, como a proposta da escola sem partido.“O escola sem partido, nos insulta, nos humilha, nos fala que agente não tem capacidade de pensar por si próprio. Só que a gente tem, e a gente não vai abaixar a cabeça para isso”, afirmou a jovem.Morte do adolescenteEla também falou sobre a morte do adolescente Lucas Mota, que morreu dentro de uma escola ocupada. “Eu estava no velório do Lucas ontem e não me recordo de nenhum destes rostos aqui. Não me recordo de nenhum”.“Vocês estão aqui representando o Estado, e eu convido vocês a olharem a mão de vocês. A mão de vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os adolescentes e estudantes que são vítimas disso”.
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