Polícia
Alagoas na rota dos casos de nazismo
Polícia Federal realiza operações em dois municípios alagoanos de combate à ideologia nazista e ataques extremistas
A Polícia Federal está investigando se Alagoas está na rota dos crimes de nazismo. Casos nunca vistos no estado estão sendo registrados por investigações da PF.
Em menos de 10 dias, a Polícia Federal, em Alagoas, realizou duas operações para combater a utilização de perfis anônimos que veiculavam símbolos associados ao nazismo, mensagens racistas e recrutamento de crianças para realização de ataques extremistas. Ambas em cidades do interior do estado, respectivamente em Coruripe e em Palmeira dos Índios.
Em uma operação denominada “Torch”, a Polícia Federal cumpriu, ontem, um Mandado de Busca e Apreensão na cidade de Coruripe. A ação teve como objetivo desvendar a autoria de crimes praticados por meio de uma rede social, envolvendo a utilização de perfis anônimos que veiculavam símbolos em apologia ao nazismo.
Conforme a Polícia Federal, um dos perfis investigados criou uma comunidade aberta em uma rede social na qual eram veiculados livros relacionados ao nazismo além de mensagens racistas e tutoriais ensinando como manipular crianças a praticar crimes violentos.
Em suas postagens, o autor pedia paciência aos seguidores e dizia estar em combate no oriente médio. As diligências realizadas em inquérito policial identificaram que, na verdade, ele sempre esteve em Alagoas e jamais participou de combates.
Durante o cumprimento do Mandado foram apreendidos equipamentos eletrônicos que serão submetidos a perícia.
O nome da operação é uma referência à ofensiva militar lançada pelos Aliados no Norte da África em novembro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de desembarcar tropas e abrir uma frente contra as forças do Eixo. Essa ação ficou conhecida como “Operação Torch” e representou um marco na luta contra o nazismo e o fascismo.
No último dia 05, a Polícia Federal, em Alagoas, realizou a operação Nuremberg 2, quando cumpriu um mandado de busca e apreensão em Palmeira dos Índios, com o objetivo de coletar evidências relacionadas à autoria de crimes praticados em redes sociais, envolvendo a veiculação de símbolos associados ao nazismo, racismo e ameaças de ataques extremistas.
A investigação da Polícia Federal chegou a um perfil aberto em uma rede social que realizava postagens de apologia ao nazismo e ao holocausto, além de publicar comentários racistas e estimular ações violentas, como massacres.
O perfil sob investigação utilizava iniciais de uma subcultura online extremista que glorifica assassinos em massa, e o nome de usuário não fazia referência direta ao seu proprietário.
Durante o cumprimento do mandado de busca, foram apreendidos equipamentos eletrônicos que serão submetidos à perícia técnica.
O nome da operação, Nuremberg, é uma referência à cidade localizada na Alemanha onde os líderes nazistas foram julgados, entre 1945 e 1946, pelos crimes de guerra e contra a humanidade praticados durante a 2ª Guerra Mundial.
O nome do perfil não fazia qualquer referência ao seu usuário e utilizava as iniciais de uma subcultura online extremista, na qual assassinos em massa são glorificados.

Durante o cumprimento do mandado de busca foram apreendidos equipamentos eletrônicos que serão submetidos a perícia. O menor, de idade não revelada, foi conduzido para a sede da PF para esclarecimentos.
A legislação brasileira considera a conduta de veicular símbolos nazistas como uma forma de racismo. Esse tipo de discurso pode instigar ações violentas de seguidores, que, frequentemente, são adolescentes ou jovens adultos.
A conduta de veicular símbolos nazistas é considerada uma forma de racismo pela legislação brasileira. Esse tipo de discurso pode instigar ações violentas de seguidores, os quais, na maioria das vezes, são adolescentes ou jovens adultos, fora do ambiente cibernético.
Apologia ao nazismo pelo Brasil
Em junho deste ano, cinco jovens foram presos suspeitos de integrarem célula nazista em São Paulo e em Minas Gerais. Agentes da Polícia Federal encontraram livros com temáticas militares, armas de fogo e caderno com anotações de símbolos nazistas.
Os jovens, com idades entre 18 e 20 anos, foram presos em uma ação conjunta da Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Civil do Estado de São Paulo, durante a Operação Overlord, que teve como alvo uma célula neonazista atuante nos dois estados.
Os agentes cumpriram ainda cinco ordens de busca e apreensão nas cidades mineiras de Nova Lima e Poços de Caldas, além de Campinas, no interior paulista.
Os suspeitos foram presos por organização criminosa e pelo ato de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” e “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Um dos suspeitos presos em São Paulo armazenava também conteúdo de pornografia infantil e foi autuado em flagrante também por esse crime.
Durante a operação, os policiais apreenderam diversas armas brancas (facas, machadinha, canivetes, espadas), socos-ingleses, tcheco, balestras (arco e flecha), barraca de acampamento, spray de pichação, fardamento paramilitar, algemas, arma de airsoft e isqueiros em formato de granada de mão. Também foram apreendidos celulares, computadores, pen drives, videogame e máquinas digitais.
Os agentes encontraram também livros com temáticas militares, sobre Adolf Hitler e armas de fogo, assim como um caderno com anotações de símbolos nazistas (suástica) e emblema contendo o retrato falado de Theodore Kaczinsky — terrorista norte-americano preso por matar diversas pessoas com envio de cartas bomba.
As investigações comprovaram ainda que alguns integrantes da célula neonazista buscavam angariar capital para subsidiar suas ações, tanto pelo comércio virtual de emblemas neonazistas, gerados por impressoras 3D, como por meio do tráfico de drogas.
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