Polícia

Reeducando é morto dentro de presídio

Antônio Wendel cumpria pena pela morte de advogado mineiro que teria sido executado no lugar de juiz aposentado

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 06/06/2025 08h35
Reeducando é morto dentro de presídio
Reeducando Antônio Wendel Guarniere cumpria pena no presídio de segurança máxima, em Maceió; ele teria agido por engano - Foto: Reprodução

O reeducando Antônio Wendel Melo Guarnieri, 43 anos, foi assassinado dentro do Sistema Prisional de Alagoas, na manhã de ontem. O crime aconteceu na Penitenciária de Segurança Máxima de Alagoas (PenSM). As circunstâncias do homicídio não foram informadas pela Seris. Até o fechamento desta edição, o Instituto Médico Legal (IML) não havia concluído o exame necroscópico para divulgar a causa da morte.

Antônio Wendel cumpria pena por ter assassinado o advogado Nudson Harley Mares de Freitas, em julho de 2009, no bairro de Mangabeiras, em Maceió. O advogado foi morto por engano. Ele era parecido fisicamente com o verdadeiro alvo, o juiz Marcelo Tadeu.

Dois suspeitos de envolvimento do assassinato do detento, os reeducandos E.G.S. e F.G.B., foram encaminhados à Central de Flagrantes para os procedimentos cabíveis.

A informação sobre a morte de Antônio Wendel foi divulgada pela Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris). A Secretaria disse ainda que tomou todas as providências cabíveis para apurar a morte, acionando as equipes das Polícias Científica e Civil, e o Instituto Médico Legal, que realizaram todo levantamento e procedimento necessário da ocorrência.

O reeducando havia sido condenado a uma pena de 24 anos e seis meses de reclusão. Ele foi julgado no dia 31 de maio de 2022 e cumpria pena em regime fechado.

O advogado Nudson Harley estava em Alagoas a trabalho e foi executado quando fazia uma ligação em um telefone público, conhecido como “orelhão”, em frente a uma farmácia, na Avenida João Davino.

O reeducando Antônio Wendel Melo Guarnieri, acusado de ter matado o advogado Nudson Harley foi condenado por um júri popular, pelo crime de homicídio qualificado. O ex-delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, foi acusado de ser o mandante do crime, mas nego a autoria. O júri popular foi presidido pelo Juiz Geraldo Amorim.

O homicídio aconteceu por volta das 19h, em julho de 2009. O advogado Nudson Harley usava um orelhão quando, segundo a polícia, dois homens armados em uma moto chegaram atirando. O advogado era de Belo Horizonte e estava prestando serviços a uma construtora de Alagoas.

Segundo inquérito da Polícia Federal, as evidências indicam que o advogado foi morto por engano no lugar do então juiz Marcelo Tadeu. O executor do crime, Antônio Wendell Guarnieri, contou à polícia que Paulo Cerqueira, delegado da Polícia Civil, o contratou para matar Marcelo Tadeu.

O orelhão utilizado pela vítima ficava na calçada de uma farmácia em Mangabeiras, Maceió, onde o então juiz Marcelo Tadeu havia estacionado o carro. Ele saiu do veículo, mas atravessou a pista e entrou em outra farmácia, em frente ao local onde o carro ficou estacionado.

O juiz aposentado acredita que o atentado contra ele foi motivado pelas suas decisões quando atuava no judiciário, combatendo coronelismo e crimes de mando.

“Uma decisão dessa natureza, tão arbitrária e tão cruel, só pode ter relação com a minha atuação contra gangue fardada,”, desabafou o magistrado, na ocasião.