Polícia
Serial killer de Maceió pode retornar às ruas caso seja classificado como psicopata
Advogado afirma que caso algum laudo médico ateste, ele deve ganhar a liberdade
Caso algum laudo médico psiquiátrico comprove a tese do advogado de defesa de Albino Santos de Lima, 42 anos, apontado como serial killer, de que ele é psicopata, o acusado poderá voltar a viver normalmente nas ruas da capital. A defesa irá pedir à Justiça que submeta o acusado a um exame mental para atestar a psicopatia.
A Justiça brasileira considera, através do artigo 26 do Código Penal, um psicopata como um ser inimputável. Caso não seja comprovado que o acusado é um psicopata, a pena pode ser superior a 300 anos de reclusão, sendo 30 anos por cada um dos crimes.
Segundo o referido artigo, pessoas que, por doença ou mal desenvolvimento mental, não entendem que o ato que cometeram era um crime, não são penalizadas. Atualmente, Albino Santos de Lima está detido na Penitenciária Masculina Baldomero Cavalcanti de Oliveira, no Tabuleiro do Martins. Dividindo a cela com outros presos, ele confessou pelo menos oito assassinatos praticados em 10 meses e admitiu que cometeria outros.
O acusado saiu de um casamento recentemente. O casal não teve filhos. O advogado Geoberto Bernardo de Luna levantou a hipótese de a recente separação estar ligada ao total descontrole mental do acusado e ser o estopim para a série de assassinatos praticados.
O advogado não soube descrever as características físicas da ex-esposa de Albino, em uma tentativa de explicar o porquê da predileção dele por morenas jovens, dos cabelos compridos e cacheados.
Na avaliação do advogado, Albino é um psicopata. A psicopatia é um transtorno de personalidade, que envolve outros fatores para que se torne efetiva, tais como traumas de infância, anomalias cerebrais que levam o indivíduo a não compreender a razão da pena e com isso reincidir no crime.
Antes de ir para trás das grades, onde cumpre prisão preventiva e onde deverá ficar até o juiz entender que ele não representa perigo à sociedade. Ele está sob decisão dos juízes da 7ª, 8ª e 9ª varas criminais, respectivamente, Yulli Roter Maia, José Eduardo Nobre Carlos e Geraldo Cavalcante Amorim.
Segundo o advogado de defesa Geoberto Bernardo de Luna, Albino Santos de Lima acreditava ser o ator Charles Bronson do filme Death Wish (Desejo de Matar). Na obra de 1974, o personagem Paul Kersey é interpretado por Bronson. O filme, do gênero romance policial, vagamente baseado no livro homônimo de Brian Garfield, um homem se torna um justiceiro depois que sua esposa é assassinada e sua filha é estuprada por criminosos. Depois do original de 1974, a série ganhou mais quatro filmes.
“Ele sofre com depressão e ansiedade e tinha prescrição para tomar remédios psiquiátricos. No entanto, me disse que não estava obedecendo à recomendação médica. Ele nunca foi internado com um laudo que pudesse dar a condição real que ele tem. Solicitaremos à Justiça que ele seja submetido à avaliação psiquiátrica. Essa será linha da defesa, a inimputabilidade por conta da patologia”, adiantou.
A delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) é uma das responsáveis pelas investigações. O delegado Gilson Rego Sousa, também da DHPP, é chefe de oito dos nove inquéritos. Os crimes aconteceram nos bairros Vergel do Lago, Ponta Grossa e Levada, em um raio de cerca de 850 metros da residência do acusado.
Albino tinha ensino médio completo e atuou por uma dez anos como agente penitenciário em Alagoas. O advogado contou que ele prestava serviços ao Estado, não era funcionário público concursado.
Ele deixou o emprego após um acidente de moto em 2020. Neste ano, passou a morar em Ponta Grossa, bairro que residia até ser preso. Era nesse trecho geográfico que ele escolhia a maioria das vítimas. Foram, em confissão, sete mulheres, uma delas trans, e três homens.
Uma pessoa que mora próxima à residência de Albino, contou, com exclusividade ao jornal Tribuna Independente, que uma das vítimas masculinas, Emerson Wagner da Silva, foi morto porque dias antes ficou olhando sua atitude suspeita ao tentar forçar o portão de uma vítima feminina. “Ele não se conformou e matou o rapaz”.
A polícia, no entanto, acredita que pelo menos 18 assassinatos são de sua autoria. Tanto que está reabrindo alguns inquéritos que tratam de assassinatos ocorridos nos anos de 2019 e 2020 para investigar.
As vítimas de Albino tinham entre 13 e 25 anos. O primeiro homicídio ocorreu em outubro de 2023. Em dezembro do ano passado, ele matou mais pessoas. Este ano, as outras cinco mortes ocorreram nos meses de janeiro, junho e agosto. Ele negou, por exemplo, um duplo homicídio de um casal que frequentava a mesma igreja que ele.
A família, comentou o advogado, ficou estarrecida ao ter conhecimento dos crimes atribuídos a ele. Albino Santos de Lima morava com os pais. Tem mais três irmãos. Apontado pela família como alguém pacato, de infância feliz, jamais esboçou nenhum sinal de que era violento. Os detalhes foram repassados por Geoberto, advogado contratado pela família para atuar na defesa do acusado.
“Diria até o maior serial killer do Brasil”, definiu seu advogado ao comparar o número de crimes de Albino à quantidade de crimes praticada por Francisco de Assis Pereira, conhecido nacionalmente como “Maníaco do Parque”, um serial killer que estuprou e matou ao menos, sete mulheres e tentou assassinar outras nove, em 1998. Ele confessou 10 assassinatos e 23 ataques, sendo condenado por crimes de estupro, estelionato, atentado violento ao pudor e homicídio.
Albino, por se achar um justiceiro e afirmar que defendia a sociedade de traficantes de drogas, se vestia com roupa preta, máscara, boné e munido da arma do pai, um policial militar aposentado, agia como o serial killer de Maceió.
Fotos de possíveis novas vítimas foram coletadas
Repetindo uma máxima da polícia que diz que “não existem crimes perfeitos”, as impressões digitais do acusado foram o caminho até ele. Albino foi detido em casa, no último dia 17 de setembro. Informações e fotos das futuras possíveis vítimas foram coletadas pela polícia.
Lançando mão sempre do mesmo “modus operandi” (expressão em latim que significa “modo de operação”, seguia um conjunto de procedimentos sempre semelhantes, tratando-os como se fossem códigos), ele seguia a pé pelas ruas próximas a sua casa e atirava, pelas costas, nas cabeças das vítimas já previamente escolhidas e cuja rotina era acompanhada com detalhes pelas redes sociais. Como ele não fazia contato com as vítimas, não deixava rastros nas redes sociais.
Ao serem alvejadas com um ou até cinco tiros e sem chance de reagir, as vítimas tombavam para o deleite do acusado que usava a pistola 380 de propriedade do seu pai, um policial militar aposentado. A sequência de assassinatos começou em outubro do ano passado. De acordo com o advogado, a família jamais desconfiou das atitudes dele.
O advogado explicou que seu cliente jura ser um justiceiro e que age para ajudar a sociedade. “Faço um trabalho de inteligência. Estudo o perfil aberto das pessoas no Instagram. Algumas acompanhei por até seis meses”, afirmou.
Em seu depoimento, alegou que as vítimas faziam parte de “organizações criminosas”, versão já descartada pela polícia. O serial killer foi descoberto após uma investigação detalhada da Polícia Civil de Alagoas e exames periciais do Instituto de Criminalística.
O caso ganhou notoriedade após o assassinato de Ana Beatriz, uma adolescente de 13 anos.
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