Polícia
Maceió registra três assassinatos de moradores de rua em janeiro
No ano passado, foram 37 pessoas em situação de rua mortas no Estado, conforme a coordenação do MNPR
No ano passado, 37 pessoas em situação de rua foram assassinadas em Alagoas e, este ano, somente nos primeiros dias deste mês já somam três vítimas mortas somente na capital - Maceió. Os dados são do coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) em Alagoas, Rafael Machado, entrevistado dessa semana do TH Entrevista, canal da Tribuna no Youtube.
De acordo com o representante deste público, Alagoas não dispõe de um diagnóstico sobre as pessoas em situação de rua. “Hoje, nós não temos informações concretas, não existe uma pesquisa nem a nível de estado, nem Maceió, nem Arapiraca e nem Palmeira dos Índios. Não existe sequer uma pesquisa da quantidade e quem são essas pessoas vivendo em situação de rua”, frisou.
Ele denunciou os casos de omissão por parte das secretarias de Segurança Pública por falta de investigação e elucidação dos casos de crimes envolvendo a população em situação de rua.
Rafael Machado adiantou que Alagoas fará parte do “Plano Ruas Visíveis - Pelo direito ao futuro da população em situação de rua” do governo federal que será distribuído em “sete eixos”: assistência alimentar; saúde; violência institucional; cidadania, educação e cultura; habitação; trabalho e renda; e produção e gestão de dados.
“O que acaba matando a população ou a excluindo são essas negligências dos poderes e principalmente quando há essa briga de estado com o município, que nunca faz o diálogo. Quem sempre perde independente da população de rua também é o povo, porque ao invés das políticas públicas andarem, retrocedem”, destacou.
SUPERAÇÃO
O coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) lembrou dos 14 anos que viveu em situação de rua, mas que conseguiu superar e há nove anos está em outra condição. “Sofri sete atentados de morte na rua, era compulsivo, usuário de crack. Mas foi através das políticas públicas, tanto da assistência da saúde quanto social que consegui trazer de volta a minha dignidade de vida, como uma pessoa humana. Hoje, já estou terminando o curso de serviço social”, comemorou.
Machado chamou a atenção para o quantitativo de pessoas em situação de rua que cresceu muito durante a pandemia em Maceió nos espaços públicos, como por exemplo, em praças.
Para ele, a situação é complexa e a assistência social sozinha não tem dado conta dessa pauta. Rafael Machado observou ainda que outra dificuldade marcante diz respeito aos distritos, já que os abrigos se concentram na mesma localidade, a exemplo de Jaraguá. Do mesmo modo, Rafael também citou a situação que envolve a guerra das facções, onde quem é da Pajuçara não anda no Centro, quem é do Centro não anda na Pajuçara, porque quem for corre o risco de morrer.
“A gente tem apontado muito essa situação da descentralização dos abrigos para outros bairros, no Benedito Bentes mesmo hoje já tem um Centro Pop e uma casa de passagem que ano passado foi implantado, mas quando a gente começou a lutar foi em 2016, perceba quanto tempo depois”, ressaltou.
“Todos os equipamentos que hoje Alagoas tem para este público é fruto da luta do movimento, nós estamos à frente cobrando e não vamos silenciar, nem nos intimidar, muito menos recuar”, reforçou.
Assista a entrevista completa no canal Tribuna Hoje no YouTube.
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