Polícia

Polícia Federal prende empresário que anunciou estaleiro em Alagoas

Agentes cumpriram mandados em Maceió e investigam pagamento de propina

Por Editoria de Política com Tribuna Independente 20/08/2020 07h55
Polícia Federal prende empresário que anunciou estaleiro em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Maceió foi uma das capitais que receberam agentes da Polícia Federal (PF) na 72ª fase da Operação Lava Jato. Denominada de “Navegar é Preciso”, a operação cumpriu dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, nas cidades São Paulo e Rio de Janeiro, além da capital alagoana. Os empresários Germán Efromovich e José Efromovich foram presos em São Paulo. A investigação que pesa sob os irmãos envolve o Estaleiro Ilha (Eisa), de propriedade dos irmãos. Gérman e José Efromovich são donos do Eisa - Estaleiro Ilha S.A, que tem contrato de construção de navios com a Transpetro e, segundo a investigação da PF, era usado para pagamento de propina. Em Alagoas, Germán Efromovich ganhou notoriedade em 2009 quando, junto ao Governo do Estado, anunciou a construção do Estaleiro Eisa que seria erguido no município de Coruripe, Litoral Sul do estado. As obras que dependiam de uma licença ambiental iniciariam em 2010, geraria 4.500 empregos e investimentos privados na ordem de R$ 1,5 bilhão. No entanto, o projeto nunca passou de promessas e palavras ao vento. Por meio de imagens cedidas pela Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, agentes da PF estiveram no Norcon Empresarial, situado no bairro de Mangabeiras, em Maceió. O ESQUEMA, SEGUNDO A PF As investigações da atual fase apontam o envolvimento dos dois empresários em esquemas de corrupção na Transpetro em contratos de construção de navios firmados pela estatal com o estaleiro Eisa. A organização criminosa, segundo o Ministério Público Federal (MPF), fraudava o caráter competitivo das licitações pagando propina no valor de R$ 40 milhões a altos executivos da Petrobras e empresas como a Transpetro. O esquema ocorreu em 2008, e a propina foi paga entre 2009 e 2013, de acordo com o MPF. Um dos funcionários que recebeu o valor ilícito é Sérgio Machado, segundo o MPF, que, à época, era o então presidente da estatal. Atualmente, Machado é colaborador. Uma apuração interna da Transpetro, conforme as investigações, indica que a atuação dos executivos do estaleiro Eisa junto a Sérgio Machado causou prejuízos de mais de R$ 611 milhões à Transpetro, em razão da entrega irregular de um dos navios Panamax encomendados, da não entrega dos outros três navios, de dívida trabalhista, e ainda de adiantamento de recursos da Transpetro ao Eisa. A suspeita da força-tarefa é que o estaleiro teria sido contratado por R$ 857 milhões para fornecer navios, segundo a PF. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 651.396.996,97 das pessoas físicas e jurídicas envolvidas e fixou várias medidas cautelares. O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro funcionava, segundo a PF, através da celebração de contratos de compra e venda de navios feitos pela Transpetro com o estaleiro através do Programa do Governo Federal para a reestruturação da indústria naval brasileira, conhecido como Promef. Ainda conforme as investigações, a contratação teria sido feita desconsiderando estudos de consultorias que apontavam que o estaleiro não teria as condições técnicas e financeiras adequadas para a construção dos referidos navios.