Polícia

Ministério Público pede afastamento de militares envolvidos em discussão

De acordo com o promotor Magno Alexandre, a apuração deve ser rigorosa

Por Lucas França com Tribuna Hoje 05/06/2018 18h52
Ministério Público pede afastamento de militares envolvidos em discussão
Reprodução - Foto: Assessoria
Após discussão e agressão, envolvendo policiais de uma guarnição do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), que deixaram um funcionário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) baleado, nessa segunda-feira (4), o Ministério Público Estadual em Alagoas (MPE/AL) entrou com um procedimento para acompanhar as investigações do caso. "Nós pedimos junto à Corregedoria Geral da PM para investigar o caso e identificar se houve excesso por parte dos militares. Ontem mesmo abrimos esse procedimento e conversamos com o comandante geral e ele nos assegurou que vai acatar as observações que fizemos. Também pedimos que os policiais envolvidos fossem afastados do policiamento ostensivo até o término das investigações", explica o promotor Magno Alexandre. Além disso, o promotor ressalta que o MPE vai acompanhar o caso até a conclusão para saber se todas as testemunhas foram ouvidas. ''Temos que dar voz a todos os envolvidos. Vamos acompanhar o inquérito para saber como as investigações foram feitas. Se as testemunhas foram ouvidas". De acordo com o major Felipe Lins, comandante do BPTran, os policiais devem ser afastados. "Eles vão ser afastados depois que conversarmos com o comando", explica. A medida deve vigorar até que as apurações sejam concluídas na Corregedoria da Polícia Militar. Enquanto isso, os três militares vão fazer serviço administrativo. Em relação ao Boletim de Ocorrência (B.O.),  no qual um dos policiais diz que o guardador de carros estava com uma faca, o major disse que não podia comentar. "Eu não posso falar porque a 5ª Seção e a corregedoria vão acompanhar o caso". O CASO O guardador de carros identificado como José Geovânio da Graça foi baleado na perna por um soldado da PM, após discussão com a guarnição que estava na frente do fórum do Barro Duro, na tarde dessa segunda-feira (4). De acordo com o comandante do BPTran, a Polícia Militar e o Batalhão não estão sendo omissos na apuração. "Que seja dado todo direito de defesa para ambas as partes. Vamos apurar o ocorrido", reforça. Na discussão, o soldado Cyro Vera Cruz ficou ferido no rosto e se apresentou espontaneamente na Central de Flagrantes, ontem, para prestar esclarecimento sobre o ocorrido. Ele disse que atirou porque Geovânio estava com uma faca. A OAB/AL repudiou a ação do militar que efetuou o disparo e cobrou da Secretaria de Segurança Pública (SSP) a investigação sobre o caso. A OAB/AL também acompanhou a vítima no B.O. Já a assessoria da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e dos Bombeiros Militar (ACS-AL) divulgou uma nota repudiando as acusações contra o militar, destacando que é necessária uma apuração rigorosa antes de realizar qualquer acusação contra ele. Testemunha ocular relata o que presenciou O advogado Arnon de Mello, membro da Comissão dos Direitos Humanos da OAB/AL, disse à reportagem que por volta das 15h30, quando saía da sede do fórum, escutou disparos e ouviu Geovânio pedindo socorro. [caption id="attachment_106068" align="alignnone" width="300"] De acordo com testemunha, o policial identificado como Cyro estava exaltado (Foto: Adaílson Calheiros)[/caption] "Ele pedia ajuda e já estava algemado e com a perna sangrando. Eu cheguei à guarnição e indaguei os PMs sobre a abordagem. Expliquei que ele era funcionário da OAB e queria saber o que estava acontecendo. Eram cinco policiais. Um dos policiais disse que Geovânio teria agredido e lhe dado um soco na cara. De todo modo disse que mesmo assim a forma de abordagem estava equivocada e que as medidas cabíveis iriam ser tomadas", conta o advogado. Ainda de acordo com a testemunha o policial identificado como Cyro estava exaltado. "O policial disse: 'Então me dê um soco na cara para ver se não atiro em você também'", relata. Arnon disse que a discussão começou porque haviam dois carros estacionados de forma irregular e o guardador estava tentando tirar eles do local quando os PMs chegaram para fazer o auto de infração. Geovânio então teria pedido para não fazerem porque o carro pertencia a um advogado que já estava retirando o veículo do local. Mas os PMs pediram para ele sair do carro, foi quando começou a discussão. "A situação era uma infração que acabou ocasionando isso tudo. Vale ressaltar que posteriormente os policiais socorreram o rapaz e em seguida se apresentaram para registrar o B.O.", explica a testemunha.