Polícia
Cabo da PM de AL é suspeito de integrar esquema de fraudes em concursos
Ele e mais quatro alagoanos fariam parte de quadrilha que teria adulterado mais de 60 certames no NE, entre eles os do Ifal e Ufal
O cabo da polícia militar de Alagoas Flávio Luciano Nascimento Borges está entre os suspeitos presos na Operação Gabarito deflagrada pela Polícia Civil da Paraíba no último domingo (8). Um suposto bancário de Maceió também foi preso. As investigações apontam que eles e outras 17 pessoas integram um suposto esquema criminoso que fraudava concursos públicos desde 2005, inclusive em Alagoas.
O cabo Flávio Borges foi aprovado na polícia militar alagoana em 2006 e em outros 14 concursos, inclusive com aprovação em dois cargos num certame da Universidade Federal de Alagoas de 2012, que segundo as investigações foi burlado pelo esquema.
No entanto, as investigações não confirmaram se o concurso da PM em que Flávio foi aprovado houve fraude. O que se sabe até o momento é que Flávio Borges também acumula um cargo de fiscal de obras na Prefeitura Municipal de Campina Grande (PB).
Além do cabo Flávio, foi preso Vicente Fabrício Nascimento Borges. Segundo a polícia da Paraíba, eles são líderes do esquema. Os alagoanos Kamilla Marcelino Crisóstomo da Silva, esposa do cabo e o irmão dela José Marcelino da Silva Filho também foram presos.
A Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas explicou, por meio de um oficial plantonista, que o procedimento padrão é instaurar uma investigação para apurar possíveis fraudes na aprovação do militar. O oficial, no entanto, não soube informar se o procedimento já havia sido aberto ou se o cabo sofrerá afastamento. O corregedor não foi localizado para falar sobre o assunto.
A Polícia Civil da Paraíba informou que Vicente Borges, irmão do cabo Flávio, foi aprovado em 11 concursos e acumula cargos de policial militar em Alagoas e de servidor da Prefeitura Municipal de Santa Rita. No entanto o nome de Vicente não foi localizado no Portal da Transparência do Estado.
Aléms dos 19 suspeitos presos no último domingo nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, a polícia investiga a participação de outras 21 pessoas no esquema.
Outros certames podem ter sido fraudados em Alagoas
Segundo o vice presidente da Associação dos Cabos e Soldados de Alagoas (ACS), cabo PM Abdi a prisão de Flávio foi recebida com surpresa. Ele diz que a associação ainda não se posicionará porque o cabo não solicitou assistência jurídica, tampouco entrou em contato para esclarecimentos.
“Recebemos essa informação com surpresa. Até o momento não fomos procurados por ele nem pela família, não foi solicitado apoio jurídico, nem ele nos procurou para esclarecer. E não sabemos informar se o irmão do cabo Flávio é militar”, pontuou o vice presidente.
As investigações da Polícia Civil da Paraíba, iniciadas há três meses, dão conta que o grupo atuava de maneira articulada nos estados de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Piauí. As suspeitas são que mais de 60 concursos de nível municipal, estadual e federal tenham sofrido fraudes.
O concurso de 2012 do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) está sob investigação. Outros concursos no estado também podem ter sido adulterados.
As investigações apontam que 500 candidatos foram aprovados de maneira ilícita em diversos concursos do Nordeste. O grupo movimentou R$ 18 milhões ao longo dos 12 anos em que atuou, afirma a Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Paraíba.
O grupo selecionava professores de cursinhos pré-vestibulares para participar do esquema. Os professores se inscreviam no certame para responder as questões e repassar aos candidatos que pagavam até R$ 150 mil pela aprovação. O sistema de fraude envolvia ponto eletrônico e uma central de informações que funcionava numa casa em um condomínio de luxo, onde foi presa parte do grupo.
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