Polícia

Delegado diz que não houve premeditação e que ex-marido de Jaciara ‘perdeu a cabeça"

Segundo Guilherme Iustem, relação entre vítima e Alberdan era conturbada por guarda da filha

07/04/2017 11h39
Delegado diz que não houve premeditação e que ex-marido de Jaciara ‘perdeu a cabeça'
Reprodução - Foto: Assessoria

Atualizada às 17h23

Na manhã desta sexta-feira (7), a Secretaria de Segurança Pública convocou entrevista coletiva em sua sede no Centro de Maceió para divulgar os detalhes da investigação do caso que terminou com o assassinato de Maria Jaciara Ferreira dos Santos, de 31 anos, pelas mãos do ex-marido Alberdan Souza. De acordo com o presidente do inquérito, delegado Guilherme Iusten, não houve premeditação no crime. Os dois tinham uma relação conturbada por conta da guarda da filha mais nova de Jaciara e teriam discutido quando andavam no Renault Duster de propriedade de Alberdan. Ao sair do veículo e nas proximidades de onde o corpo foi encontrado teria havido discussão e o suspeito ‘perdeu a cabeça’, matando a ex-mulher.

As imagens das câmeras de segurança recuperadas de estabelecimentos comerciais de Coruripe mostraram que Jaciara entrou voluntariamente no carro de Alberdan às 17h59 do dia 30 de março. A saída em direção à rodovia acontece três minutos depois. Por conta disso, a polícia não deve indiciar o suspeito por sequestro, apenas pelo crime de homicídio qualificado. “A Jaciara tinha confidenciado para algumas pessoas que iria se encontrar com o pai da filha dela, essa informação foi providencial para essa linha de investigação”, disse o delegado.

O corpo de Jaciara foi encontrado cerca de oito quilômetros de distância de onde ela entrou no Renault Duster. No local do crime e dentro do veículo, após trabalho dos peritos, não foram encontradas evidências de luta corporal. Jaciara teve seu corpo achado quatro dias depois do desaparecimento. Alberdan contou ter estrangulado a ex-mulher e ainda cortou seu pescoço com uma faca ou canivete.

Guilherme Iustem também declarou que a perícia não mostrou que os braços de Jaciara haviam sido quebrados. “Não teve fratura nos braços, foi um golpe na cabeça, um golpe no ombro e os outros no pescoço”, frisou.

Horas após o crime, ele voltou à sua residência, buscou a namorada e foi com ela a um churrasquinho no entorno. Para Guilherme Iustem, isso demonstra frieza. “Ele tentou criar um álibi, chegou a comparecer com a filha ao enterro e também procurou a mãe da vítima que se ela precisasse de algo ele estaria aí para ajudar”, relatou o presidente do inquérito.

Alberdan, que trabalhava como mecânico, deixou o Renault Duster branco em um galpão pertencente ao pai, onde o veículo foi encontrado. No carro, um fio de cabelo compatível com Jaciara e também um pelo corporal. Todos os materiais passarão por exame de DNA.

A perícia cumpriu mandados de busca e apreensão durante a quinta-feira (6) e recolheu vestimentas na casa de Alberdan. Em sua camisa e calça comprida foram encontradas manchas de sangue, além do que o perito Ivan Excalibur chamou de ‘sujidades’ na calça. Além da camisa que o suspeito teria usado no dia do crime, outra camisa, lâminas de barbear, escovas de dente e outros pertences foram recolhidos para analisar o material genético e robustecer o caso com mais evidências.

O material genético recolhido deve passar por exame de DNA que tem previsão de sair em pouco mais de duas semanas.

Ao ser ouvido em uma segunda oportunidade, a polícia já tinha mandado de prisão temporária contra Alberdan. Ele continuou a entrar em contradições e emocionado, solicitou a presença do pai, a quem ele pediu desculpas e confessou o crime informalmente.

A investigação também apurou que a motivação do crime foi relacionada com a guarda da filha dos dois. Segundo o delegado, os depoimentos mostram que Alberdan recebia de Jaciara cobranças de dinheiro para a filha e que a convivência com a garota estaria bastante complicada. O crime teria ocorrido porque a ex-esposa estaria prestes a se mudar para Belo Horizonte e levaria a criança. O que deixou Alberdan inconformado.

O suspeito declarou à polícia que não encontrava Jaciara há pelo menos um mês e que por telefone o contato havia sido feito há 20 dias. Os investigadores acreditam que as conversas, no entanto, ocorriam por Whatsapp.

Após ser detido na delegacia de Coruripe e confessar o crime, Alberdan foi trazido para a Casa de Custódia em Maceió, onde aguarda transferência para o sistema prisional.