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Rússia ataca porto na Ucrânia com mísseis e drones após fim de acordo de exportação de grãos
Um ataque executado durante a noite pela Rússia provocou danos às infraestruturas portuárias de Odessa, no sul da Ucrânia, anunciaram as autoridades militares de Kiev nesta terça-feira (18), poucas horas depois de Moscou rejeitar a prorrogação de um acordo para a exportação de grãos na região.
Seis mísseis Kalbir lançados contra Odessa e 21 drones de fabricação iraniana que se aproximavam da região foram "destruídos" pela defesa antiaérea, anunciou o comando sul do Exército ucraniano em um comunicado.
"Infelizmente, os destroços dos mísseis abatidos e a onda expansiva da derrubada danificaram as infraestruturas portuárias e várias residências particulares", acrescenta a nota, que não menciona a cidade afetada.
De acordo com a Força Aérea ucraniana, 31 drones foram derrubados em todo o país, dos 36 que a Rússia lançou durante a noite.
A região de Odessa, no mar Negro, abriga terminais cruciais para o acordo de exportação de grãos ucranianos entre Kiev e Moscou, que expirou na segunda-feira (17) à noite.
O pacto permitiu a exportação de mais de 32 toneladas de grãos ucranianos desde o ano passado.
O governador de Mikolaiv, Vitaliy Kim, informou que uma "instalação industrial" foi atingida no ataque contra a capital homônima desta região do sul da Ucrânia.
O impacto não deixou vítimas, mas provocou um incêndio, que já foi controlado.
Usar 'a comida como arma'
A invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, provocou o bloqueio dos portos na costa do mar Negro da Ucrânia, um dos principais produtores de cereais do mundo, o que gerou grande tensão no mercado mundial de alimentos.
O acordo assinado em julho de 2022 com a Rússia permitiu a retomada do trânsito de grãos, mas o Kremlin se recusou a renovar o pacto, alegando que a parte que deveria garantir as exportações dos alimentos e fertilizantes do país não estava sendo cumprida.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que milhões de pessoas vão "pagar o preço" por esta decisão, que, segundo ele, "afetará as pessoas mais pobres em todo o mundo".
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, declarou que seu país está disposto a manter a exportação de grãos.
"Mesmo sem a Rússia, tudo o que for possível deve ser feito para que possamos usar esse corredor [para exportação] no mar Negro. Não temos medo", insistiu.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou a decisão de Moscou de "cínica", e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou a Rússia de usar "a comida como arma".
A ONU informou que na segunda-feira foi inspecionada em Istambul a última embarcação com grãos ucranianos que cruzou o mar Negro como parte do acordo.
Segundo os dados do Centro de Coordenação Conjunta (CCC), que supervisionou o pacto, China e Turquia foram os principais beneficiários das exportações de grãos, assim como as economias desenvolvidas.
O acordo também ajudou o Programa Mundial de Alimentos da ONU a auxiliar os países com escassez de alimentos, como Afeganistão, Sudão e Iêmen.
A notícia da saída da Rússia do acordo teve um impacto limitado nos preços internacionais do trigo, que registram cotações quase 25% menores que as de 12 meses atrás.
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