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Terremoto deixa quase 2 mil mortos na Turquia e na Síria

Por Extra 06/02/2023 13h20
Terremoto deixa quase 2 mil mortos na Turquia e na Síria
Este é o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999 - Foto: Reprodução

Quase 2 mil pessoas morreram e outras milhares ficaram feridas por um devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia e o norte da Síria nesta segunda-feira, com tremores sentidos até na Groenlândia, de acordo com o Instituto Geológico Dinamarquês.

Na Turquia, onde foi registrado o epicentro do abalo sísmico, pelo menos 1.121 pessoas morreram e 7.634 ficaram feridas, segundo o último balanço divulgado. Este é o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999, que causou 17 mil mortes, mil delas em Istambul.

Na vizinha Síria, o terremoto provocou 810 mortes e 1.284 feridos, sendo 430 vítimas fatais nas províncias de Aleppo, Hama, Latakia e Tartus, de acordo com balanços provisórios do Ministério da Saúde sírio citado pela agência oficial de notícias Sana. Não está claro se esse total inclui 380 mortos e 1 mil feridos previamente relatados pela Defesa Civil síria, mais conhecida como Capacetes Brancos, em áreas controladas pela oposição no nordeste do país.

É muito provável que o número de mortos e feridos nos dois países aumente rapidamente, levando-se em conta que, só no sudeste da Turquia, pelo menos 2.818 prédios desabaram nas cidades mais afetadas, como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir.

O Crescente Vermelho Turco iniciou uma campanha nacional de doação de sangue para a região atingida. Algumas imagens na televisão turca e nas redes sociais mostram pessoas assustadas, de pijama, vagando pela neve, enquanto observam equipes de resgate vasculhando os escombros de suas casas.

— Ouvimos vozes aqui e ali. Achamos que talvez 200 pessoas estejam entre os escombros — disse uma equipe de resgate em Diyarbakir, de acordo com uma transmissão da NTV.

As equipes de resgate vasculham os destroços em cidades e vilas também na Síria em toda a área em busca de soterrados. O chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, Raed Ahmed, disse à rádio oficial que este foi, "historicamente, o maior terremoto já registrado". Em pânico, muitos moradores saíram às ruas apesar da chuva torrencial.

Os Capacetes Brancos disseram que a situação é "catastrófica" e pediram às organizações humanitárias internacionais para "intervir rapidamente" para ajudar a população local.

"Centenas continuam sob os escombros", disse o Capacetes Brancos no Twitter.

Tremor de madrugada - O tremor foi sentido às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria.

Um forte abalo secundário de magnitude 7,5 atingiu a região às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, de acordo com o USGS, somando-se a outros cerca de 50 tremores que atingiram a região após o tremor de 7,8, de acordo com Ancara.

O presidente turco, que descreveu o desastre como o pior a atingir o país desde 1939, quando um tremor na província oriental de Erzincan deixou estimados 33 mil mortos, pediu união nacional.

"Esperamos sair juntos desta catástrofe, o mais rapidamente possível e com o menor dano possível", tuitou o presidente, cuja forma de lidar com essa tragédia pesará muito nas disputadas eleições de 14 de maio.

— Todos estão colocando seu coração e alma nos esforços, embora o inverno, o frio e o fato de que o terremoto aconteceu durante a noite tornem as coisas mais difíceis — disse Erdogan previamente a repórteres em entrevista coletiva em Ancara. — Não sabemos quantas vítimas haverá, mas os esforços estão concentrados na busca sob os escombros dos edifícios afetados na zona do terremoto.

A maioria das pessoas dormia em suas casas quando o terremoto aconteceu de madrugada.

— Minha irmã e seus três filhos estão sob os escombros. Também seu marido, seu sogro e sua sogra. Sete membros da nossa família estão sob os escombros — disse à AFP Muhittin Orakci, ao testemunhar as operações de resgate em frente a um prédio em ruínas em Diyarbakir.

Uma mulher, apontando para outra vítima inconsolável na mesma cidade, afirmou:

— A irmã dele ainda está sob os escombros.

Aeroportos bloqueados - A região afetada fica perto Gaziantepe, cidade turca de aproximadamente 2 milhões de habitantes onde os edifícios residenciais são feitos principalmente de tijolo e concreto frágil, extremamente vulneráveis a terremotos, de acordo com o USGS.

O aeroporto de Gaziantep está permitindo apenas o pouso de aviões com ajuda de emergência, disse um funcionário. Além de sua população local, Gaziantep abriga muitos dos milhões de refugiados sírios na Turquia e é o local de uma das maiores operações realizadas pela agência de refugiados das Nações Unidas.

Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, além do aeroporto de Gaziantep, os de Hatay e Maras também foram fechados ao tráfego. A neve e as tempestades que atingiram a região impediram o tráfego em outros aeroportos, incluindo o de Diyarbakir, constatou a AFP.


Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região, devido a tremores secundários que poderiam gerar explosões. O Curdistão iraquiano informou que suspenderá as exportações de petróleo através da Turquia como precaução.

Ajuda internacional - Mais cedo, o ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, anunciou um alerta de nível 4, que inclui um pedido de ajuda internacional e, segundo Erdogan, mais de 45 nações já ofereceram assistência.

A União Europeia (UE) anunciou o envio de ajuda, com equipes da Holanda e da Romênia já a caminho. O mesmo foi feito por Estados Unidos, Israel, Índia e Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas condolências aos líderes turco e sírio e se ofereceu para "fornecer a ajuda necessária" da Rússia após a tragédia. O país já enviou duas aeronaves e equipes de resgate.

O Azerbaijão, país próximo da Turquia, anunciou o envio imediato de 370 socorristas, segundo a agência oficial de notícias turca.

Na escala Richter, utilizada por sismólogos para avaliar o impacto do tremor, um terremoto de magnitude entre 7 e 7,9 é considerado de grandes proporções, podendo causar danos graves na superfície. Ao redor do mundo, há menos de 20 ocorrências do tipo ao ano, a maioria em águas profundas.

A fronteira da Turquia com a Síria, onde o desastre se deu, está localizada em uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo.

A Falha Geológica da Anatólia Oriental separa as placas tectônicas das Terras Altas da Anatólia das Planícies da Arábia e se estende até Adana, no Mediterrâneo. Ao longo dessa falha, dezenas de terremotos de até 6 graus de magnitude foram registrados durante o último século, e sete entre 6 e 7 graus, mas em um século nenhum teve a força destrutiva do desta segunda-feira.

Os maiores terremotos da Turquia ocorreram na falha de Bitlis-Zagros, que vai do Leste da Anatólia até as montanhas do Irã, e na falha do Norte da Anatólia, que corre ao longo da costa do Mar Negro e chega ao Mar de Mármara, ao Sul de Istambul .

Especialistas alertam há muito tempo que um grande terremoto poderia devastar Istambul, que permitiu construções generalizadas sem precauções.

Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu Elazig em janeiro de 2020, matando mais de 40 pessoas. Em outubro desse mesmo ano, outro de magnitude 7,0 sacudiu o Mar Egeu, deixando 114 mortos e mais de 1.000 feridos.