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Israelense eleito disse ao New York Times que deve se afastar de políticos como Bolsonaro

Yair Lapid, ex-estrela da televisão israelense que vai alternar cargo de primeiro-ministro com Naftali Bennett, diz que tem uma causa comum com liberais como Macron e Mark Rutte

Por Julinho Bittencourt com Revista Fórum 14/06/2021 07h54
Israelense eleito disse ao New York Times que deve se afastar de políticos como Bolsonaro
Reprodução - Foto: Assessoria
O centrista Yair Lapid, ex-estrela da televisão que venceu, neste domingo (13), as eleições em Israel, afirmou em 2019, em entrevista ao The New York Times, que enquanto Binyamin Netanyahu se alinhou com populistas de direita como Jair Bolsonaro do Brasil e Viktor Orban da Hungria, ele vê uma causa comum com liberais como o francês Emmanuel Macron e Mark Rutte da Holanda. Ele disse ainda esperar que tais políticos representem “um retorno dos líderes civis moderados” que entendem “os riscos e perigos do populismo”. A frente que elegeu Yair Lapid venceu as eleições por estreita margem, de 60 votos a favor e 59 contrários, e acabaram com a era Binyamin Netanyahu, que durou 12 anos, a trajetória mais longeva de um governante do país. A coalizão de oito partidos que apoia o novo primeiro-ministro é muito ampla e vai da esquerda radical à direita nacionalista: são dois partidos de esquerda; dois partidos de centro; três partidos de direita; um partido árabe (o conservador Ra’am), pela primeira vez num governo de Israel. A coalizão de oito partidos que apoia o novo primeiro-ministro é muito ampla e vai da esquerda radical à direita nacionalista: são dois partidos de esquerda; dois partidos de centro; três partidos de direita; um partido árabe (o conservador Ra’am), pela primeira vez num governo de Israel. O acordo da coalizão, baseado em um rodízio, prevê que o líder da direita radical, Naftali Bennett, assumiria o governo nos primeiros 18 meses e depois Lapid tomará as rédeas. O principal objetivo da frente era remover Netanyahu, de 71 anos, que está sendo julgado há um ano por suspeita de corrupção. Protestos pedindo sua renúncia ocorrem há meses. O último deles foi na noite de sábado (12). Em frente à sua residência oficial em Jerusalém, os manifestantes não esperaram a votação no Parlamento para celebrar a “queda” do “rei Bibi”, o apelido de Netanyahu, que foi chefe de governo de 1996 a 1999 e, depois, de 2009 a 2021. Bennett é o chefe do partido de direita Yamina e vai liderar o país pelos primeiros dois anos, e depois por Yair Lapid por um período equivalente. O partido Likud de Netanyahu se comprometeu com uma “transição pacífica de poder” após mais de dois anos de crise política com quatro eleições, cujos resultados não permitiram a formação de um governo ou levaram a uma união nacional que durou apenas alguns meses. Depois das últimas eleições legislativas em março, a oposição se uniu contra Netanyahu e surpreendeu ao conquistar o apoio do partido árabe-israelense Raam, do líder moderado Manssur Abbas. “O governo trabalhará para toda a população, religiosa, laica, ultraortodoxa, árabe, sem exceção”, prometeu Bennett. “A população merece um governo responsável e eficaz que coloque o bem do país em primeiro lugar em suas prioridades”, acrescentou Lapid, que deve se tornar ministro das Relações Exteriores.