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FMI melhora projeções para a economia global, mas condiciona ao ritmo de vacinação
Enquanto campanhas avançam, órgão pede continuidade de estímulos monetários para retomada da atividade, mas pede prudência e focalização de políticas públicas; Brasil segue abaixo da média global de crescimento.
A economia global poderia ter queda três vezes maior, não fossem os estímulos monetários injetados pelos bancos centrais durante a pandemia do coronavírus, mas a persistência de números surpreendentes depende da vacinação em massa. A conclusão está na nova edição do relatório "World Economic Outlook", do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta terça-feira (6).
Com esses estímulos monetários ainda irrigando as economias, o FMI revisou para cima as projeções de crescimento global para 2021 e 2022. A alta deve ser de 6% neste ano e 4,4% no próximo. O aumento é de 0,8 e 0,2 ponto percentual em relação ao relatório de outubro, respectivamente.
O Brasil está abaixo da média, com crescimento previsto de 3,7% neste ano e 2,6% no próximo. Comparado à edição de outubro, houve alta de 0,9 e 0,3 ponto percentual para a projeção do país em cada ano, respectivamente.
Por outro lado, o país tem desempenho melhor que a região onde está inserido, da América Latina e Caribe. Com queda de 4,1% em 2020, o país sofreu menos que os 7% da zona a que pertence. As altas de 4,6% e 3,1% previstas para a região, portanto, vem de uma base de queda mais intensa.
Em carta publicada no relatório, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, reforça que as incertezas continuam no ambiente econômico global, mas uma saída passa a ser "cada vez mais visível".
O FMI ressalta, entretanto, que a vacinação contra a Covid-19 é fator primordial para que os números se tornem realidade. A variável é tão importante que o fundo avisa que um desempenho melhor que o esperado pode dar vigor à recuperação em todo mundo, mas novas variantes que coloquem em xeque a efetividade das vacinas causariam uma severa revisão para baixo.
Desempenho esperado do PIB global do FMI — Foto: G1 Economia
O FMI fez uma série de revisões para cima ao longo de 2020, conforme as economias reagiram à pandemia do coronavírus. O maior otimismo do órgão um ano adentro da pandemia tem como plano de fundo, além da ação monetária e das vacinas, uma certa adaptação à "vida em pandemia".
O tombo previsto para a economia global em 2020 é de 3,3%, com impacto desigual a depender do perfil de cada país e de sua força de trabalho. As consequências serão particularmente agudas em países dependentes do turismo, com dívida pública mais alta e menor capacidade de vasto atendimento de saúde.
"Jovens, mulheres, trabalhadores com nível de escolaridade relativamente baixo e os empregados informais foram atingidos com mais força", diz o órgão. Desigualdade em pautaGita Gopinath, economista-chefe do FMI: "As políticas monetárias terão que se tornar mais direcionadas para manter a capacidade de sustentar a atividade econômica durante este período incerto." — Foto: REUTERS/Rodrigo Garrido
No relatório, Gita Gopinath reconhece que o vigor de retomada é mais claro em economias desenvolvidas. Exceto a China, que já recuperou seus níveis de PIB pré-pandemia ainda em 2020, a economista lembra que os Estados Unidos estão em estágio avançado de recuperação e devem atingir o marco ainda em 2021.
Além de pacotes de estímulos históricos, que despejaram mais de US$ 5 trilhões na economia, os americanos têm a mais abrangente e veloz vacinação do mundo.
Outras economias importantes, como as europeias, que têm vacinação em atraso, só retomarão o patamar em 2022, diz o FMI. Emergentes só devem chegar nesse marco em 2023.
Gopinath lembra que a renda per capita é outro fator de preocupação do FMI, com impacto em toda a cadeia global. No biênio 2020-2022, a expectativa é de perda de 20% do PIB per capita em países emergentes – excluída novamente a China – e de 11% nas economias desenvolvidas.
"Isso reverteu os ganhos na redução da pobreza, com mais 95 milhões de pessoas previstas para entrar nas categorias de extrema pobreza em 2020, e 80 milhões a mais subnutridos do que antes", diz ela. O quadro é ainda mais grave, pois o mercado de trabalho está punindo mais o trabalhador sem experiência prévia ou com baixa capacitação, grupos que já têm como característica uma renda menor. "As políticas, portanto, terão que se tornar mais direcionadas para manter a capacidade de sustentar a atividade econômica durante este período incerto à medida que a corrida entre o vírus e as vacinas se desenrola", afirma a economista.A cooperação internacional, diz o FMI, também será vital para garantir que as economias emergentes e países em desenvolvimento possam diminuir a distância entre seus padrões de vida comparados aos de alta renda.
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