Mundo

Trump evita agravar crise com o Irã e diz que Teerã está "recuando"

Em discurso a um grupo de iranianos que bradavam “morte à América”, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que os ataques foram “um tapa na cara” dos EUA

Por Reuters 08/01/2020 19h04
Trump evita agravar crise com o Irã e diz que Teerã está 'recuando'
Reprodução - Foto: Assessoria
O presidente Donald Trump disse nesta quarta-feira que os Estados Unidos não tem necessariamente que usar seu poderio militar contra o Irã, uma tentativa aparente de desarmar uma crise provocada pelo assassinato do comandante militar iraniano Qassem Soleimani, cometido pelos EUA. Falando da Casa Branca, Trump disse que nenhum norte-americano foi ferido pelos ataques de mísseis iranianos contra bases militares que hospedam soldados dos EUA no Iraque e insinuou que Washington pode não efetuar uma retaliação imediata. “O fato de que temos essas Forças Armadas e equipamentos fantásticos, no entanto, não significa que temos de usá-los. Não queremos usá-los. A força americana, tanto militar quanto econômica, é a melhor ferramenta de dissuasão”, disse. “Nossas grandes forças americanas estão preparadas para tudo. O Irã parece estar recuando, o que é uma coisa boa para todas as partes envolvidas e uma coisa muito boa para o mundo.” Trump se aproximou, mas não chegou, a fazer uma ameaça direta de ação militar contra o Irã, mas disse que seu país “imporá sanções econômicas punitivas contra o regime iraniano imediatamente” em reação ao que classificou de “agressão iraniana”. Ele não mencionou medidas específicas. Forças iranianas dispararam mísseis em bases militares que abrigam tropas norte-americanas no Iraque em retaliação pelo assassinato cometido pelos EUA de um general iraniano, aumentando as apostas de um conflito entre Teerã e Washington em meio a temores de uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Em discurso a um grupo de iranianos que bradavam “Morte à América”, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que os ataques foram “um tapa na cara” dos EUA e que as tropas norte-americanas deveriam deixar a região. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que o país adotou “medidas proporcionais” de legítima defesa e que os ataques “concluíram” a reação de Teerã ao assassinato do general Qassem Soleimani, e que sua nação não quer agravar o confronto. “Não queremos uma escalada da guerra, mas nos defenderemos de qualquer agressão”, tuitou. ACORDO NUCLEAR Trump voltou a prometer que não permitirá que o Irã obtenha uma arma nuclear e exortou as potências mundiais a se retirarem do acordo nuclear de 2015 com o Irã, que Washington abandonou em 2018, e trabalharem por um novo pacto —uma questão que está no cerne das tensões crescentes entre Washington e Teerã. A República Islâmica rejeitou novas conversas. Não houve reação imediata das autoridades iranianas aos comentários de Trump. A agência de notícias semioficial Fars descreveu as colocações do presidente norte-americano como um “grande recuo das ameaças”. Fontes de governos europeus e dos EUA familiarizadas com avaliações de inteligência disseram acreditar que o Irã pode ter procurado deliberadamente evitar baixas militares dos Estados Unidos nos às bases no Iraque. Mas o porta-voz do Exército iraniano negou “reportagens da mídia estrangeira” que deram a entender que existiu algum tipo de coordenação entre o Irã e os EUA antes do ataque para permitir que as bases fossem esvaziadas, noticiou a Fars. A televisão estatal disse que o Irã lançou 15 mísseis balísticos de seu território contra alvos norte-americanos no vizinho Iraque. Os alvos foram a base aérea de Al-Asad e uma instalação de Erbil, disse o Pentágono.