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Corpo do rabino Henry Sobel é sepultado nos Estados Unidos

Voz firme em prol dos direitos humanos, Sobel morreu na sexta-feira vítima de complicações associadas a um câncer

Por G1 24/11/2019 17h30
Corpo do rabino Henry Sobel é sepultado nos Estados Unidos
Reprodução - Foto: Assessoria
O corpo do rabino Henry Sobel foi sepultado na tarde deste domingo (24) no cemitério Woodbridge Memorial Gardens, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. O religioso morreu na sexta-feira aos 75 anos em Miami, onde vivia, por complicações associadas a um câncer. De acordo com a administração do cemitério, o enterro ocorreu às 13h15 (horário local, 15h15 de Brasília). Antes, houve uma cerimônia religiosa em uma capela de Nova York, informou a Congregação Israelita Paulista (CIP). Nascido em Lisboa, sua mãe belga e seu pai polonês chegaram a Portugal fugindo da perseguição nazista durante a 2.ª Guerra Mundial. Ainda na primeira infância, a família de Sobel se estabeleceu em Nova York, onde ele se formou rabino. A partir de 1970, depois de se formar, ele se radicou no Brasil, onde permaneceu por mais de quatro décadas. Defesa dos direitos humanos Nos seus primeiros anos no Brasil, Sobel era visto como uma autoridade religiosa: dava entrevistas para explicar elementos do judaísmo, fazia cerimônias às vítimas do nazismo, entre outras atividades. Sobel, no entanto, se tornou também uma autoridade e uma voz firme em defesa dos direitos humanos no país durante a ditadura militar. Ele teve destaque na luta pelo esclarecimento da morte do jornalista Vladimir Herzog, também de origem judaica, ocorrida quando este ficou detido pelos órgãos de repressão da ditadura, em São Paulo, em 1975. Na ocasião, Sobel se recusou a enterrar Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita, por rejeitar a versão oficial acerca das circunstâncias da morte. O rabino também se juntou a líderes de diferentes religiões num ato ecumênico em homenagem a Herzog, em 31 de outubro de 1975, na Praça da Sé, uma semana depois de seu assassinato. Além de Sobel, estavam presentes o católico Dom Paulo Evaristo Arns e o presbiteriano Jaime Wright. "Com todas as manchas, eu vi, com meus olhos, foi esta visão que eu levei para a frente quando conversei com três militares e também no culto ecumênico, ecoando as palavras do cardeal de São Paulo. A coragem foi de Dom Paulo. Não minha. Dom Paulo disse ele foi morto, ele foi assassinado. Eu disse ‘eu concordo com o senhor’", lembrou Henry Sobel, em entrevista a Serginho Groisman. "Foi um momento muito triste na nossa história – eu me refiro ao Brasil e a mim", completou.