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Indígenas do Equador seguem em protesto até que governo suspenda decreto

Manifestação é contra o decreto 883, assinado pelo presidente Lenín Moreno, que eliminou subsídios aos combustíveis

Por Texto: Marieta Cazarré com Agência Brasil 10/10/2019 15h56
Indígenas do Equador seguem em protesto até que governo suspenda decreto
Reprodução - Foto: Assessoria
Pelo oitavo dia, indígenas, estudantes e trabalhadores do Equador protestaram nesta quinta-feira (10) contra o decreto 883, assinado pelo presidente Lenín Moreno, que eliminou subsídios aos combustíveis. Apesar de muitos indígenas já terem deixado Quito após a mobilização de ontem, o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Jaime Vargas, afirmou que as manifestações seguirão até que o governo revise o pacote de medidas econômicas que implementou no âmbito do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Havia a expectativa de que os milhares de indígenas que marcharam ontem em Quito voltassem a suas terras hoje. No entanto, Vargas disse que as marchas e protestos seguirão em Quito por tempo indeterminado. Ontem, Moreno anunciou que voltou a Quito para dialogar com os manifestantes. Ele estava na cidade costeira de Guayaquil, centro econômico do país, para onde a sede do governo foi transferida após violentos protestos e invasões de prédios, como o da Assembleia Nacional. A mudança da sede do governo, decretada por Moreno em 3 de outubro, tem respaldo durante a vigência do estado de exceção, que durará 30 dias. "Vim para a cidade de Quito com a finalidade de estender minha mão e poder manifestar que já temos bons resultados em relação ao diálogo com os irmãos indígenas", disse o presidente do Equador. Os contatos, de acordo com declarações do secretário da Presidência, José Briones, estão sendo intermediados pelas Nações Unidas e pela Igreja Católica. Ministros são responsabilizados No entanto, Jaime Vargas, presidente do Conaie, negou que haja diálogo com o governo. Em nota publicada no site da organização, ele exigiu a liberdade de centenas de pessoas detidas nos protestos e responsabilizou os ministros María Paula Romo, de Governo, e Oswaldo Jarrín, da Defesa, pela violência por parte do Exército e da Polícia Nacional. "Pedimos que as Nações Unidas convoquem o presidente e que a repressão pare; além disso, pedimos a liberdade dos companheiros que foram presos. Nos disseram que havia a possibilidade de dialogar e nós dissemos que não", afirmou. De acordo com a imprensa equatoriana, mais de quinhentas pessoas foram detidas nos últimos dias. As manifestações foram marcadas por violência. A polícia reagiu com gás lacrimogêneo e cercou parte do centro de Quito, onde estão alguns dos prédios importantes do governo. Moreno decretou toque de recolher entre às 20h e às 5h da manhã, durante um mês, nos arredores do Palácio de Carondelet, para evitar que os manifestantes se aproximem da sede do executivo.