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Nos Estados Unidos, Suprema Corte proíbe pergunta sobre cidadania no censo de 2020

Cinco juízes consideraram que governo Trump não apresentou razão adequada para acrescentar pergunta

Por EFE e G1 27/06/2019 17h48
Nos Estados Unidos, Suprema Corte proíbe pergunta sobre cidadania no censo de 2020
Reprodução - Foto: Assessoria
A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira (27) proibir a polêmica pergunta sobre a cidadania incluída no censo de 2020, ao considerar que o governo do presidente Donald Trump não deu uma razão adequada para acrescentá-la. A proposta do governo, rejeitada hoje pelo Supremo em uma votação na qual cinco juízes se pronunciaram contra ela e quatro a favor, contemplava que o questionário do censo deveria incluir uma pergunta sobre o status legal dos residentes nos EUA, uma medida que organizações civis tacham de "racista e discriminatória". "As provas contam uma história que não coincide com a explicação do Secretário de Comércio, Wilbur Ross, sobre sua decisão", escreveu o magistrado John Roberts na decisão. Os juízes da mais alta corte dos EUA solicitaram ao Departamento de Comércio, encarregado da elaboração o censo, outra explicação sobre a inclusão dessa pergunta. Portanto, a decisão de hoje não termina esta disputa jurídica, que pode durar um bom tempo, pondo em perigo o calendário para imprimir o questionário do censo. O governo de Trump alega que esta dúvida é fundamental para entender melhor a composição da população, mas a oposição aponta que, na realidade, só serviria para diminuir a visibilidade sobre a comunidade imigrante. A medida já tinha sido bloqueada por três juízes federais, que a consideraram ilegal. A partir do censo é feita a repartição de fundos federais, o traço dos distritos eleitorais para a Câmara de Representantes dos EUA e a representação do Colégio Eleitoral, o corpo de compromissários encarregado de escolher o presidente. A polêmica teve um novo capítulo nas últimas semanas, depois que foi divulgado um relatório elaborado por Thomas Hofeller, um estrategista do Partido Republicano falecido em agosto de 2018, no qual recomendava incluir no censo essa consulta para assim poder redesenhar os distritos eleitorais de maneira favorável aos interesses da legenda. A reação do governo foi se distanciar do relatório - que foi revelado após ser encontrado pela filha de Hofeller, Stephanie Hofeller Lizon, entre os papéis do estrategista após sua morte - e negar o seu conhecimento sobre a existência do mesmo. Por outro lado, o jornal "The Washington Post" revelou a existência de uma série de documentos, também encontrados por Stephanie, que estabelecem que o assessor político informou sobre suas conclusões a Christa Jones, a atual chefe de pessoal do escritório do diretor do Departamento do Censo, Steven Dillingham. A população total estimada dos EUA pelo censo para 2017 foi de 325,7 milhões, com 14% de imigrantes.