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Governo da Nicarágua e oposição encerram negociações sem acordo

Diálogos tentavam encontrar um caminho para superar a crise política que afeta o país há quase um ano

Por AFP e G1 04/04/2019 17h29
Governo da Nicarágua e oposição encerram negociações sem acordo
Reprodução - Foto: Assessoria
O governo de Daniel Ortega e a oposição decidiram encerrar na quarta-feira (3) as negociações que pretendiam superar a crise política que afeta a Nicarágua há quase um ano. Ao final do prazo estabelecido para o diálogo, eles não atingiram o principal objetivo, de chegar a um consenso sobre temas cruciais. Duas questões ficaram sem solução: a justiça para as vítimas da violência durante os protestos contra o governo no ano passado e as reformas democráticas. A pedido da oposição, o sistema eleitoral passava por modificações e tentava se negociar a antecipação das eleições de 2021. "Venceu o prazo estabelecido sem encontrar um consenso nestes pontos, que são indispensáveis para obter resultados que nos permitam superar a profunda crise no país", afirmou o principal negociador da oposição, o ex-diplomata Carlos Tünnerman. Tünnerman disse que as partes "têm total divergência" sobre os temas e decidiram "fazer consultas até que consigamos condições que permitam retomar o debate". Durante a negociação, iniciada no fim de fevereiro, foram alcançados, com muitas dificuldades, acordos parciais para a libertação de detidos durante os protestos e para o fortalecimento de garantias, como o direito à mobilização, destacou o opositor. A opositora Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia (ACJD) afirmou que concentrará seu trabalho em lutar para o cumprimento dos acordos alcançados, responsabilidade que é do governo. O bloco opositor também deixou aberta a possibilidade de reabertura das negociações com a presença de mediadores internacionais, com uma "discussão profunda dos temas justiça e antecipação das eleições". O presidente Ortega, horas antes do fim da negociação, citou alguns acordos, mencionou que uma negociação sempre é complexa e enfatizou que, neste caso, o tempo foi "um verdadeiro desafio pelo prazo curto" para dialogar.