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Jornalista que faz críticas ao governo Duterte volta a ser detida nas Filipinas

Maria Ressa foi liberada após pagar fiança. Ela já tinha sido detida em fevereiro sob acusação de difamação na internet.

Por G1 29/03/2019 09h11
Jornalista que faz críticas ao governo Duterte volta a ser detida nas Filipinas
Reprodução - Foto: Assessoria

A diretora e editora-executiva filipina do site Rappler, Maria Ressa, foi detida nesta sexta-feira (29) sob a acusação de fraude. Ela foi liberada após pagar fiança. Os defensores da liberdade de imprensa consideram a medida uma represália por suas críticas ao presidente Rodrigo Duterte.

Ressa, considerada pela revista Time como uma das Personalidades do Ano de 2018, foi detida ao desembarcar no Aeroporto de Manila, afirmou Beth Frondoso, fundadora do site Rappler. Ela tinha chegado em um voo de San Francisco (Estados Unidos).

A jornalista é acusada de violar uma lei que proíbe a participação financeira de estrangeiros em certos setores filipinos, como a imprensa.

O promotor do tribunal de Pasig, na região de Manila, processou nesta semana sete integrantes da direção do Rappler do ano de 2016, entre eles Ressa e a atual editora-chefe do veículo, Glenda Gloria.

Todos pagaram fiança e aguardam em liberdade o julgamento, que deve acontecer no dia 10 de abril. Apenas Ressa ainda não havia resolvido a questão por estar em viagem ao exterior.

Antes de embarcar nos EUA, ela já tinha afirmado à CNN que seus advogados esperavam que ela fosse detida ao desembarcar.

“Eu estava tão orgulhosa dos diretores com quem trabalhamos no Rappler. O único crime deles é acreditar que a tecnologia e as comunicações podem ajudar a impulsionar o desenvolvimento”, disse Ressa, após o pagamento de fiança.

As autoridades filipinas já tinham detido Ressa em fevereiro, quando ela passou uma noite na prisão. Na época, ela foi acusada de difamação cibernética por um artigo sobre um empresário publicado em 2012, quando ela era editora. A sua prisão provocou uma série de críticas internacionais contra a justiça filipina.

Críticas contra o governo [caption id="" align="alignnone" width="1000"] Presidente das Filpinias, Rodrigo Duterte, conversa com jornalistas no aeroporto internacional de Manila, em imagem de arquivo — Foto: Ace Morandante / AFP[/caption]

A jornalista afirma ser vítima de uma perseguição política para silenciar o site Rappler e puni-la pelas matérias com críticas ao presidente Duterte, em particular contra a sua guerra às drogas.

As coberturas do site costumam receber elogios de defensores dos direitos humanos, porém seus repórteres são alvos constantes dos partidários do governo.

Duterte acusou o site de ser financiado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e proibiu seus repórteres de entrar no palácio presidencial.

Quando assumiu a presidência em julho de 2016, Duterte prometeu acabar com o problema do tráfico de drogas em seis meses ou renunciaria.

Apenas na primeira fase, que durou sete meses, mais de 7 mil pessoas morreram – sendo que mais 2,5 mil pelas mãos dos agentes de segurança.

Milhares de famílias foram destruídas com o assassinato de pais e mães que vendiam pequenas quantidades de droga para sustentar seus filhos.

O próprio Duterte já reconheceu que sua polêmica política de luta contra as drogas enfrenta desafios.