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Apagão deixa quase toda a Venezuela às escuras

Cortes no fornecimento de energia são frequentes; Maduro responsabiliza sabotagem

Por O Globo 07/03/2019 21h31
Apagão deixa quase toda a Venezuela às escuras
Reprodução - Foto: Assessoria
CARACAS — Às 16h54, um corte de energia foi registrado em praticamente toda a Venezuela, um problema que o governo do presidente Nicolás Maduro rapidamente apontou como resultado de uma "sabotagem" em uma hidrelétrica que fornece a maior parte da energia do país. A falta de eletricidade é frequente na Venezuela, onde a economia está em colapso sob a hiperinflação, com falta crônica de alimentos e medicamentos e uma emigração em massa de mais de 3 milhões de pessoas. Mas desta vez, quase todo o país ficou às escuras. Na Área Metropolitana de Caracas (AMC), os municípios de Libertador, Baruta, Chacao, El Hatillo e Sucre foram afetadas pelo apagão. Cortes também foram registrados no interior do país em cidades como Guarenas (Miranda), Lecherías (Anzoátegui), San Cristóbal (Táchira), Guacara e Valencia (Carabobo). Segundo o site Efecto Cocuyo, os estados de Aragua, Lara, Guàrico, Vargas, Mérida, Zulia, Monagas, Cojedes, Bolívar, Falcón, Barinas, Sucre, Portuguesa, Yaracuy, Apure, Trujillo, Delta Amacuro e Nueva Esparta também foram afetados. O site não soube precisar o estado do fornecimento de energia no estado de Amazonas. Serviços telefônicos de diferentes companhias também apresentaram falhas. Na capital, usuários da rede de metrô foram obrigados a abandonar os vagões depois que os serviços de toda a rede foram interrompidos. — Os culpados pelo problema elétrico têm nome: Nicolas Maduro Moros e Diosdado Cabello (chefe da Assembleia Constituinte) — disse Pedro Fernandez, um engenheiro de 44 anos, que andou do Leste da capital até o centro, onde mora. — Esta situação é apenas uma fração do que vivemos neste momento. Cortes na energia se tornaram cada vez mais comuns no país — que enfrenta uma profunda crise econômica com uma inflação estimada em 10.000.000% para 2019 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Críticos afirmam que a corrupção e o baixo investimento deixaram a rede de transmissão de energia do país incapaz de funcionar. Em julho de 2018, um "apagão" deixou 80% da capital às escuras e gerou caos no país. Na ocasião, o governo do presidente Nicolás Maduro atribuiu a queda de energia a "sabotagens" de adversários. O mesmo discurso foi repetido desta vez. — Fomos novamente alvos da guerra elétrica. Desta vez nos atacaram em parte da geração e transmissão no estado de Bolivar, especificamente na hidrelétrica de Guri, a espinha dorsal da eletricidade — disse o ministro da Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez em declarações à televisão estatal. Guri é a maior usina hidrelétrica da Venezuela e, devido à falha, pelo menos 15 dos 23 estados não tinham eletricidade, segundo a mídia local. Ela também fornece energia ao estado brasileiro de Roraima. O ministro acrescentou que a eletricidade seria restaurada em cerca de três horas. — Temos todos os equipamentos da Corporação para restaurar o serviço o mais rápido possível — afirmou Domínguez sem dar mais detalhes sobre as causas de interrupção ou quantas áreas foram deixadas no escuro.