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Obras de Banksy superam expectativa em leilão mesmo após polêmica 'autodestruição'

Destaque do lote com 133 itens, serigrafia chegou a R$ 274,2 mil nesta quarta; no início do mês, pintura arrematada por R$ 5 milhões foi 'picotada' por mecanismo após martelo ser batido

Por AFP 24/10/2018 18h40
Obras de Banksy superam expectativa em leilão mesmo após polêmica 'autodestruição'
Reprodução - Foto: Assessoria
Várias obras do artista britânico Banksy foram leiloadas nesta quarta-feira (24) na casa de leilões Artcurial de Paris a preços razoáveis e, sobretudo, sem que nenhuma se autodestruísse, como aconteceu no início deste mês na Sotheby's, em Londres. Embora compradores, jornalistas e curiosos tenham se apressado para ir a este leilão na sede da Artcurial, na Champs-Élysées, submetida a uma forte vigilância, os lances não dispararam. A melhor venda de Banksy da noite, de um total de 133 lotes, foi uma serigrafia intitulada "Stop and search", que denuncia a vigilância policial, arrematada por 65 mil euros (cerca de R$ 274,2 mil), com gastos incluídos (a estimativa variava entre 30 mil euros e 35 mil euros). Outra serigrafia, "Soup Can (Yellow/Emerald/Brown)", uma referência a Andy Warhol, foi vendida por 46,8 mil euros (cerca de R$ 197,4 mil) – a estimativa variava entre 15 mil euros e 20 mil euros. E "Queen Vic", que faz piada com a rainha Vitória e sua posição com relação à homossexualidade, alcançou 11,7 mil euros (cerca de R$ 49,4 mil) – a estimativa variava entre 3,5 mil euros e 4 mil euros. Finalmente, "Love rat", uma estatueta de em polipropileno de um rato branco segurando um pincel, foi comprada por 1,7 mil euros (cerca de R$ 7,2 mil). Todas as compras ficaram distantes do pouco mais de 1 milhão de libras (cerca de R$ 5,05 milhões) desembolsados por uma compradora em 5 de outubro na casa de leilões Sotheby's, em Londres, por uma reprodução em acrílico e aerossol de uma das imagens mais conhecidas de Banksy, "Girl with Balloon". Naquela ocasião, haviam acabado de bater o martelo, marcando o fim do leilão, quando a obra começou a deslizar por uma trituradora de papel escondida na moldura e ficou parcialmente rasgada. Verificação de antecedentes Com essa lembrança em mente, a casa Artcurial disse que tomaria todas as medidas de segurança necessárias para o leilão desta quarta. "Estaremos particularmente atentos, implementamos um dispositivo de segurança, mas tentaremos mantê-lo o mais discreto e leve possível", disse à AFP Arnaud Oliveux, especialista em arte contemporânea responsável pela venda. Além disso, a Artcurial investigou os antecedentes dos presentes, especialmente depois que se especulou que certamente o artista britânico teve ajuda de cúmplices presentes na sala para ativar o triturador, ou que o próprio Banksy ativou o dispositivo dentro da sala. "Pedimos que se identifiquem, fizemos algumas perguntas", disse Oliveux. Com a sua surpresa em Londres, Banksy, um artista de rua britânico cuja identidade é conhecida apenas por um grupo de amigos, teria conseguido aumentar o valor da peça parcialmente destruída para mais de dois milhões de euros, de acordo com Thierry Ehrmann, presidente da Artprice, especializada em cotações no mercado de arte. No entanto, Banksy admitiu que as coisas saíram de acordo com os seus planos. O artista publicou um vídeo no YouTube no qual explica que a obra deveria ter sido completamente destruída e que durante os testes o dispositivo funcionou perfeitamente, mas, quando o momento-chave chegou, apenas a metade inferior da pintura se desfez, pois o mecanismo ficou preso. A compradora, uma colecionadora europeia cuja identidade não foi revelada, disse que ficou chocada quando o dispositivo começou a se mover. "Mas aos poucos eu percebi que teria o meu pedaço da história da arte", disse, segundo um comunicado da Sotheby's. Alex Branczik, diretor do departamento de arte contemporânea da Sotheby's na Europa, estimou que "Banksy não destruiu uma obra de arte durante um leilão, mas a criou".