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Mulher que acusou indicado de Donald Trump à Suprema Corte de assédio quer depor

Acusação de assédio ameaça complicar a indicação de Brett Kavanaugh, que precisa ser aprovada primeiro pelo Comitê Judiciário do Senado e depois por toda a Casa

Por Reuters e G1 17/09/2018 16h56
Mulher que acusou indicado de Donald Trump à Suprema Corte de assédio quer depor
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma mulher que acusou Brett Kavanaugh, indicado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Suprema Corte, de assédio sexual cometido décadas atrás está disposta a depor publicamente diante de uma comissão do Senado que deve votar a indicação do juiz nesta semana, disse a advogada dela nesta segunda-feira (17). Christine Blasey Ford acusou Kavanaugh de atacá-la e despi-la no início dos anos 1980, quando ambos cursavam o ensino médio. Kavanaugh, segundo indicado do presidente republicano a uma vaga vitalícia no tribunal mais importante da nação, negou as alegações. Em entrevistas veiculadas por redes de televisão na manhã desta segunda, Debra Katz, advogada de Christine sediada em Washington, disse que sua cliente gostaria de falar publicamente. Indagada se isso incluiria um depoimento sob juramento em uma audiência pública com senadores, Debra respondeu no programa "This Morning", da CBS: "Ela está disposta a fazê-lo, ela precisa fazê-lo". https://twitter.com/CBSThisMorning/status/1041647702419877890 Seus comentários deram a entender que qualquer audiência pública poderia ser explosiva. Christine, hoje uma professora na Califórnia, acredita que as supostas ações de Kavanaugh foram uma "tentativa de estupro", e "que se não fosse pela embriaguez extrema de Brett Kavanaugh, ela teria sido estuprada", disse sua advogada no programa "Today", da NBC. Debra disse à CBS que Christine havia bebido uma cerveja, mas que não estava bêbada. A acusação de Christine ameaça complicar a indicação de Kavanaugh, que precisa ser aprovada primeiro pelo Comitê Judiciário do Senado e depois por toda a Casa, que tem uma pequena maioria de correligionários de Trump. Uma votação do comitê está agendada para quinta-feira, poucas semanas antes das eleições parlamentares de novembro. Alguns republicanos do comitê disseram que a acusadora deveria ter a oportunidade de contar sua história, visão ecoada por Kellyanne Conway, uma das principais assessoras da Casa Branca. Chuck Grassley, presidente do Comitê Judiciário do Senado, planeja conversar com Kavanaugh e sua suposta vítima antes da votação agendada, de acordo com o porta-voz do comitê. A senadora Lisa Murkowski, uma de duas republicanas do comitê, disse à CNN na noite de domingo que o organismo "pode ter que cogitar" debater um possível adiamento. Jeff Flake, seu colega de partido no comitê, exortou este a adiar a votação até ouvir Christine, e outro republicano do comitê, Lindsey Graham, acolheu a proposta de um depoimento da acusadora, mas disse que isso deveria "ser feito imediatamente para que o processo continue como programado". Kavanaugh deve assumir a cadeira de Anthony Kennedy, que vai se aposentar. A indicação não mudará a divisão ideológica de um tribunal que já tem uma maioria conservadora de 5 a 4, mas pode incliná-lo para a direita. Em algumas ocasiões Kennedy se uniu a seus colegas liberais em decisões cruciais sobre questões sociais polarizadoras, como os direitos ao aborto e dos gays – uma prática que seu substituto pode não seguir.