Economia

Governo argentino eleva juros novamente e peso despenca

Para tentar reduzir seu déficit fiscal e conter riscos financeiros, BC do país aumentou ainda em 5 pontos percentuais a taxa de depósito compulsório para bancos privados

Por Reuters e G1 30/08/2018 15h23
Governo argentino eleva juros novamente e peso despenca
Reprodução - Foto: Assessoria
O governo argentino anunciou nesta quinta-feira (30) que está buscando maneiras de acelerar uma redução de seu déficit fiscal e conter os riscos financeiros, mas no mercado a moeda sofria uma queda brusca ante o dólar. Na abertura dos negócios, o peso argentino desabou 15,6%, a 39 por dólar, alcançando uma nova mínima histórica e com uma perda de metade de seu valor no ano. No meio do pacote de medidas para conter o colapso de sua moeda, o banco central argentino anunciou que elevou sua taxa de juros de 45% para 60%, e que aumentou em cinco pontos percentuais a taxa de compulsório (dinheiro que não pode ser emprestado) para bancos privados. Esta foi a quinta alta de juros consecutiva, a última tinha ocorrido no último dia 13. O banco central explicou, em comunicado, que adotou as medidas "em resposta à conjuntura cambial atual e ante o risco de que implique em um impacto maior sobre a inflação doméstica". A Argentina atravessa uma forte crise financeira e acertou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de US$ 50 bilhões, pelo qual o governo se compromete a reduzir seu déficit a 1,3% do Produto Interno Bruto em 2019. "Estamos trabalhando na instrumentação para adiantar nossas metas para o próximo ano para reduzir esse risco financeiro, o qual vai levar necessariamente à continuidade das discussões de como acelerar também o caminho até o equilíbrio fiscal", disse o chefe de gabinete, Marcos Peña, em um discurso num evento com empresários. Após o evento, ele disse a jornalistas que o governo argentino cometeu erros, mas que o país agora vai na direção correta. O presidente argentino, Mauricio Macri, havia anunciado na quarta-feira que acertou um adiantamento de recursos com o FMI para garantir o financiamento do país, em meio a temores de uma potencial interrupção dos pagamentos da dívida. Preocupações A situação da Argentina, a terceira maior economia da América Latina, segue causando preocupações no mercado à medida em que o país se esforça para se libertar de seu notório ciclo de crises financeiras de uma década. O mais recente, pontuado por um calote da dívida de 2002, jogou milhões de argentinos da classe média na pobreza. Há temores de que o país, que tem elevada inflação, economia fraca e sofre as consequências de um uma venda global nos mercados emergentes, possa não cumprir com suas obrigações de dívida.