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Arcebispo chileno renuncia a Te Deum em meio a escândalo de abuso sexual na Igreja

Ezzati, que há muito lidera a cerimônia, está entre as figuras religiosas mais reconhecidas no Chile

Por Reuters e G1 04/08/2018 17h23
Arcebispo chileno renuncia a Te Deum em meio a escândalo de abuso sexual na Igreja
Reprodução - Foto: Assessoria
O arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, afirmou neste sábado que não irá liderar o Te Deum do Chile, uma cerimônia religiosa anual em que participam os principais políticos e clérigos do país, em meio a um escândalo de abuso sexual que provocou ondas de choque na nação católica conservadora. Ezzati, que há muito lidera a cerimônia e está entre as figuras religiosas mais reconhecidas no Chile, disse em um comunicado que considera "prudente não liderar o tradicional Te Deum", dada a "profunda crise pela qual a Igreja está passando". A polícia chilena investiga 38 acusações de abuso sexual contra 73 bispos, clérigos e colaboradores não ordenados, envolvendo 104 vítimas. Está entre as investigações mais agressivas da Igreja realizadas por qualquer autoridade judicial. No final de julho, promotores chilenos chamaram Ezzati de suspeito em uma investigação sobre alegações de que ele e outros clérigos encobriram abuso sexual infantil por membros da Igreja Católica, e o convocaram para depor. Ezzati manteve sua inocência durante depoimento neste sábado. "Estou certo de que nunca encobri ou obstruí a Justiça e cumprirei minhas responsabilidades como cidadão para fornecer todos os antecedentes necessários para chegar à verdade", disse Ezzati. O anúncio de Ezatti vem um dia depois que líderes locais da Igreja pediram perdão pelo abuso sexual de crianças cometidas por clérigos e concordaram em abrir seus arquivos e intensificar a colaboração com os promotores chilenos que investigam os casos. Em junho, a polícia apreendeu documentos da corte eclesiástica da diocese de Santiago e, desde então, realiza buscas surpresa em escritórios da Igreja em todo o país, intimando bispos do Chile e do Vaticano a depor. A crise sacode a Igreja Católica do Chile desde 2011, época em que o padre chileno Fernando Karadima foi considerado culpado pelo Vaticano por abusar de crianças nas décadas de 1970 e 1980. Acusações de abuso sexual contra vários membros da Igreja Católica levaram o Papa Francisco a abrir uma investigação no país sul-americano, levando a Igreja a expulsar bispos e outros padres acusados de praticar ou encobrir abusos contra menores.