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Jovem que matou 17 em escola na Flórida era membro de grupo supremacista branco

Membro do grupo Republic of Florida diz que Nikolas Cruz chegou a participar de treinamentos

Por G1 15/02/2018 17h52
Jovem que matou 17 em escola na Flórida era membro de grupo supremacista branco
Reprodução - Foto: Assessoria
O líder de um grupo supremacista branco da Flórida disse nesta quinta-feira (15) que Nikolas Cruz, o jovem que matou 17 pessoas e feriu outras 14 em uma escola na quarta-feira, era um dos integrantes de seu grupo. Segundo a Liga Anti-Difamação, Cruz, de 19 anos, era associado ao grupo Republic of Florida (ROF). As primeiras citações ligando o jovem ao grupo foram feitas em um fórum na internet e a ONG então entrou em contato com um telefone do grupo supremacista para verificar a informação. Um homem que se identificou como Jordan Jereb - que chegou a ser preso em 2016 por ameaças a um assessor do governador da Flórida, Rick Scott - disse que Cruz foi apresentado ao grupo por outro membro e que chegou, inclusive, a participar de treinamentos na região de Tallahassee. O homem fez questão de ressaltar, no entanto, que não incentivou e que não apoia o que Cruz fez na quarta-feira. Armado com um rifle AR-15, Nikolas Cruz invadiu a Stoneman Douglas High School, de onde foi expulso no ano passado, e matou 17 pessoas, além de ferir mais 14. Ele agiu sozinho e conseguiu deixar o prédio, mas foi preso nas proximidades. A imprensa americana encontrou em sua conta no Instagram, que foi bloqueada após o tiroteio, uma série de fotos em que Nikolas Cruz aparece com facas e arma de fogo. Amigos e ex-colegas de classe confirmaram que a conta pertencia a ele. Autoridades resgatam vítima de tiroteio na escola Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, na Flórida (Foto: John McCall / AP) O jornal “The York Post” diz que ele afirmava que tiroteio era uma espécie de “terapia grupal” e aparentava zombar de muçulmanos na legenda de pelo menos uma das fotos. Em quase todas elas, usava camiseta preta ou um lenço para cobrir o rosto. Na avaliação do xerife Scott Israel, o conteúdo de suas redes sociais era "perturbador", segundo a CNN. Ele fazia comentários ameaçadores sob vídeos do YouTube e outros sites, como "Eu quero atirar nas pessoas com a minha AR-15". O jornal "Miami Herald" conversou com professores e alunos que conheciam Cruz e dizem que ele era considerado uma pessoa problemática, que ameaçava colegas e não tinha autorização para entrar no prédio portando mochilas. "Tudo o que ele falava era sobre armas, facas e caça. Não posso dizer que fiquei chocado. A partir de experiências passadas, ele parecia ser o tipo de cara que faria algo assim", disse Joshua Charo, 16, ex-colega de classe no ensino médio. Segundo Victoria Olvera, uma aluna de 17 anos que o conhecia e foi ouvida pela Associated Press, ele era abusivo com uma ex-namorada e foi expulso da escola depois de brigar com o atual namorado da garota. Família Cruz e seu irmão biológico, Zachary, perderam a mãe adotiva, Lynda Cruz, em 1º de novembro do ano passado. Eles já tinham perdido o pai há alguns anos e desde a morte da mãe passaram a viver com uma família de amigos. A família, que não foi identificada, sabia que Nikolas tinha um rifle, e aceitou que ele o mantivesse na casa, desde que a arma - comprada legalmente em fevereiro de 2017 - permanecesse trancada em um armário. A família que o hospedava acredita que Cruz seja depressivo, mas atribui isso à morte de sua mãe e não a uma doença mental, de acordo com o advogado que representa essa família, Jim Lewis. Vítimas identificadas Embora as autoridades ainda não tenham divulgado oficialmente os nomes das pessoas que morreram no ataque à escola, a imprensa americana já revelou as identidades de algumas das vítimas. Em entrevista coletiva nesta quinta (15), o xerife Scott Israel disse que as famílias de todas foram notificadas. Joaquin Oliver, jovem venezuelano morto em ataque contra escola na Flórida (Foto: Reprodução/Facebook) Brasileiros Brasileiros que estudam na escola relataram o terror durante o tiroteio. A estudante Kemily dos Santos Duchini, de 16 anos, estava dentro de sua sala de aula e conseguiu se comunicar com a mãe durante a ação, de acordo com a BBC. Já Gustavo Capone havia saído da sua sala calmamente, junto com outros alunos, porque soou um alarme de incêndio na escola. Mas do lado de fora do prédio viu policiais armados chegando e escutou um segundo alarme, que desta vez alertava para um tiroteio. Então correu para a sua casa, que fica a uma quadra do colégio. Gustavo Capone, que estuda na escola em que houve houve tiroteio nesta quarta-feira (14), e sua mãe Priscilla Capone (Foto: Arquivo Pessoal)