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Coreia do Norte e Coreia do Sul concordam em resolver diferenças pelo diálogo

Coreia do Sul proibiu unilateralmente entrada de diversas autoridades norte-coreanas em resposta a testes nucleares e de mísseis de Pyongyang

Por Reuters 09/01/2018 18h49
Coreia do Norte e Coreia do Sul concordam em resolver diferenças pelo diálogo
Reprodução - Foto: Assessoria
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul concordaram nesta terça-feira em negociar para resolver problemas e em realizar conversas militares com o objetivo de evitar conflitos acidentais, após o primeiro diálogo oficial entre as partes em mais de dois anos, em meio às tensões geradas pelo programa de armas nucleares de Pyongyang.

Em um comunicado conjunto após 11 horas de conversas, a Coreia do Norte prometeu enviar uma grande delegação para a Olimpíada de Inverno de Peyongchang, em fevereiro, na Coreia do Sul, mas fez uma “forte reclamação” após Seul propor conversas para desnuclearizar a península coreana.

A Coreia do Sul pediu para seu vizinho cessar atos hostis que aumentavam a tensão na península, e em troca o Norte concordou que a paz deve ser garantida na região, informou o Ministério da Unificação da Coreia do Sul em comunicado separado.

Em seu posicionamento separado, a Coreia do Norte ressaltou que seu arsenal é voltado apenas para os Estados Unidos, não para os “irmãos” sul-coreanos, a China ou a Rússia, e disse que discussões sobre o programa nuclear teriam um impacto negativo nas relações intercoreanas.

As conversas entre as Coreias são monitoradas de perto por líderes mundiais ansiosos por qualquer sinal de uma redução nas tensões, conforme crescem os temores sobre os lançamentos de mísseis e o desenvolvimento de armas nucleares da Coreia do Norte, em desafio a resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Mais cedo nesta terça-feira, o governo sul-coreano disse estar preparado para suspender algumas sanções temporariamente para que autoridades norte-coreanas possam visitar a Coreia do Sul para os Jogos Olímpicos de Inverno. A Coreia do Norte informou que sua delegação contará com atletas, autoridades de alto escalão, uma equipe de torcida e artistas, assim como repórteres e espectadores.

A Coreia do Sul proibiu unilateralmente a entrada de diversas autoridades norte-coreanas em resposta aos testes nucleares e de mísseis de Pyongyang, feitos apesar de pressão internacional.

No entanto, algumas autoridades sul-coreanas disseram ver a Olimpíada como uma possível oportunidade para diminuir as tensões.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Roh Kyu-deok, disse que Seul irá considerar se necessita tomar “medidas prévias”, junto com o Conselho de Segurança da ONU e outros países relevantes, para ajudar norte-coreanos a visitarem o país na Olimpíada de Inverno.

Negociações serão feitas em breve para estabelecer detalhes da condução de norte-coreanos para os Jogos, informou o comunicado, com a agenda exata a ser decidida através de trocas documentadas.

Na conversa desta terça-feira, a primeira desde dezembro de 2015, Seul propôs discussões militares intercoreanas para reduzir tensões na península e uma reunião de membros familiares a tempo do feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, mas o comunicado conjunto não fez menção às reuniões.

A Coreia do Norte também terminou trabalhos técnicos para restaurar uma linha direta militar com a Coreia do Sul, informou Seul, com comunicações normais prontas para serem retomadas na quarta-feira. Não ficou imediatamente claro quais informações serão transferidas na linha direta.

A Coreia do Norte também respondeu “positivamente” à proposta da Coreia do Sul para atletas de ambos os lados marcharem juntos na cerimônia de abertura dos Jogos e em outras atividades conjuntas durante a Olimpíada de Inverno, segundo Seul.

Atletas de ambos os lados não marcham juntos em eventos esportivos internacionais desde os Jogos Asiáticos de Inverno de 2007, na China, após as relações esfriarem durante quase uma década de governo conservador na Coreia do Sul.