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Por ampla maioria, ONU condena a decisão dos Estados Unidos sobre Jerusalém

Mais de 120 países membros votaram a favor de resolução contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel

Por G1 21/12/2017 16h28
Por ampla maioria, ONU condena a decisão dos Estados Unidos sobre Jerusalém
Reprodução - Foto: Assessoria

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou nesta quinta-feira (21), por uma ampla maioria, uma resolução que condena o reconhecimento por Washington de Jerusalém como a capital de Israel.

Dos 193 países membros, 128 votaram a favor dessa resolução, incluindo o Brasil, e 9 contra.

Argentina, Austrália, Canadá, Croácia, Colômbia, Hungria, Letônia, México, Filipinas, Panamá, Paraguai, Polônia, República Tcheca foram alguns dos 35 países que se abstiveram.

A Ucrânia, que apoiou o projeto de resolução no Conselho de Segurança, estava entre os 21 países que não se apresentaram para a votação.

Países contra a resolução da ONU

Guatemala Honduras Ilhas Marshall Micronésia Nauru Palau Togo Estados Unidos Israel

"Esse dia será lembrado", ameaçou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley. Ela deixou claro que os EUA não se esqueceriam de países que votaram a favor da resolução.

"A América colocará nossa embaixada em Jerusalém", disse. "Nenhum voto nas Nações Unidas fará qualquer diferença nisso". Resultados dos votos sobre Jerusalém são vistos em placar no salão da Assembleia Geral da ONU, na sede da organização em Nova York, na quinta-feira (21) (Foto: Eduardo Munoz Alvarez/AFP)

Esse posicionamento de Haley está de acordo com a declaração de Donald Trump nesta quarta-feira (20). Ele prometeu acompanhar a votação dos países membros de perto. O presidente americano chegou a ameaçar que cortaria a ajuda financeira aos que votassem a favor do projeto de resolução da ONU. Além do reconhecimento da cidade como capital israelense, os EUA também declararam que devem transferir a embaixada para Jerusalém.

"Eles tomam centenas de milhões de dólares e até bilhões de dólares, e depois eles votam contra nós. Bem, nós estamos observando esses votos. Deixe-os votar contra nós. Nós vamos economizar muito. Nós não nos importamos", disse Trump a repórteres na Casa Branca. Conselho de Segurança reunido para votar resolução do Egito sobre o status de Jerusalém (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, comemorou a decisão majoritária dos países membros.

"Esta decisão reafirma que a justa causa dos palestinos tem o apoio internacional (...) Vamos prosseguir com os nossos esforços na ONU e em outros fóruns internacionais para acabar com a ocupação (israelense) e criar um Estado palestino tendo Jerusalém Oriental como capital".

Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou estar satisfeito com o número de países em abstenção.

"Em Israel, nós rejeitamos esta decisão da ONU e reagimos com satisfação diante do número importante de países que não votaram a favor", afirmou o primeiro-ministro em um comunicado. Movimento polêmico dos EUA

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada dos EUA em Israel para a cidade são movimentos delicados e que causam muita polêmica no cenário internacional.

Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capital de seu futuro Estado.

Apesar de apelos por parte de líderes árabes e europeus, e de advertências que a decisão poderia desencadear uma onda de protestos e violência, Trump declarou que adota uma nova abordagem, considerando que mesmo com a postura anterior dos EUA, a paz na região até hoje não foi atingida.

Atualmente, a maioria dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv, justamente pela falta de consenso na comunidade internacional sobre o status de Jerusalém. A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até o anúncio de Trump, é a de que o status de Jerusalém deve ser decidido em negociações de paz.

No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de Jerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas negociações de paz.