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Em desafio a Trump, mais de 120 países na ONU condenam decisão sobre Jerusalém

Israel tomou Jerusalém Oriental em guerra em 1967 e palestinos querem região como capital de um futuro Estado que buscam

Por Reuters 21/12/2017 18h52
Em desafio a Trump, mais de 120 países na ONU condenam decisão sobre Jerusalém
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de 120 países desafiaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira, e votaram a favor de uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas pedindo para os Estados Unidos derrubarem seu recente reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.

Trump havia ameaçado cortar auxílio financeiro para países que votassem a favor. Um total de 128 países apoiou a resolução, que não é vinculativa, nove votaram contra e 35 se abstiveram. Vinte e um países não votaram.

A ameaça de Trump aparentemente teve algum impacto, com mais países se abstendo e rejeitando a resolução do que os normalmente associados a resoluções relacionadas a questões palestinas.

Apesar disto, Washington se encontrou isolado, com muitos de seus aliados ocidentais e árabes votando pela medida. Alguns dos aliados, como Egito, Jordânia e Iraque, são grandes recebedores de auxílio militar e econômico dos EUA, embora a ameaça norte-americana de cortar auxílio não tenha destacado nenhum país.

Um porta-voz do presidente palestino apoiado pelo Ocidente, Mahmoud Abbas, chamou a votação de “uma vitória para a Palestina”, mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou a votação.

No começo deste mês, Trump reverteu décadas de política externa dos EUA ao anunciar que o país reconhece Jerusalém – lar de importantes locais sagrados muçulmanos, judeus e cristãos – como capital de Israel e que irá transferir a embaixada norte-americana para lá.

“Os Estados Unidos irão lembrar deste dia, no qual foram destacados para ataque na Assembleia Geral pelo simples ato de exercer nosso direito como uma nação soberana”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, à Assembleia Geral de 193 membros antes da votação desta quinta-feira.

“Nós iremos lembrar disto quando formos chamados novamente para fazer a maior contribuição do mundo à Organização das Nações Unidas, e muitos países pedem para nós, e fazem isto frequentemente, para pagarmos ainda mais e usam nossa influência para seus benefícios”, disse.

O status de Jerusalém é um dos obstáculos mais difíceis para um acordo de paz entre Israel e os palestinos, que estão furiosos com o ato de Trump. A comunidade internacional não reconhece soberania israelense sobre a cidade inteira.

Netanyahu descreveu a resolução como “absurda”. “Jerusalém é nossa capital, sempre foi, sempre será. Mas eu aprecio o fato de que um crescente número de países se recusa a participar neste teatro do absurdo”, disse em vídeo em sua página no Facebook.

Israel tomou Jerusalém Oriental em uma guerra em 1967 e palestinos querem a região como a capital de um futuro Estado que buscam.

Entre os países que se abstiveram nesta quinta-feira estão Austrália, Canadá, México, Argentina, Colômbia, República Tcheca, Hungria, Polônia, Filipinas, Ruanda, Uganda e Sudão do Sul.

Guatemala, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Palau, Nauru e Togo se juntaram aos Estados Unidos e Israel ao votar pelo não.