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China vira suspeita de usar Coreia do Norte como "fantoche"

Para especialistas, autoridades chinesas não têm interesse na desnuclearização

Por Fonte: R7 05/09/2017 17h27
China vira suspeita de usar Coreia do Norte como 'fantoche'
Reprodução - Foto: Assessoria

Após a Coreia do Norte surpreender o mundo com o teste de um míssil nuclear mil vezes mais potente que uma bomba atômica, a comunidade internacional começa a suspeitar de que o regime norte-coreano não está sozinha no desenvolvimento de tecnologias de miniaturalização de bombas nucleares que possam ser transposratdas por mísseis intercontinentais. Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a China é a principal de suspeita de atuar em conjunto com Pyongyang no desenvolvimento de programas nucleares.

Para o professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco Carlos Stempniewski, o que existe é uma parceria oculta entre China e Coreia do Norte.

— No fundo eles estão testando tecnologia que a China não poderia testar porque pegaria muito mal. Nada no mundo acontece de forma isolada e ninguém faz uma coisa dessas sozinho. Se está acontecendo, é porque isso é um elo que tem um outro pedaço. A Coreia do Norte é só o que a gente vê nesse momento. O Kim Jong-Un é um fantoche que está sendo sustentando por alguém.

A análise também é feita pelo professor de Relações Internacionais Gunther Rudkin, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). De acordo com Rudkin, o lançamento do último domingo (3) mostra que Pequim não tem tanto poder de influência sobre o presidente Kim Jong-Un quanto se imaginava.

— Se você recuperar declarações da China de abril, mais ou menos, está claro que um teste nuclear seria um ponto de não retorno na relação entre os Estados. O que o Kim Jong-Un fez? Ele desafiou a China, se até agora ela não tomou uma atitude mais enérgica nessa direção, provavelmente é porque Pequim não quer o desarmamento.

Conforme explica Rudkin, no entanto, a China não tem interesse de entrar em guerra com os Estados Unidos, por exemplo, e começar um conflito de escala mundial.

— A China não tem interesse de entrar em guerra com os Estados Unidos. Vai ser uma guerra regional que vai acontecer ali, que muita gente já fala em pelo menos 70 mil mortos ao fim do primeiro dia sem arma atômica. Com arma atômica, a gente já tá falando de milhões de mortos. Isso só nos primeiros minutos de guerra.

Líderes fracos

Segundo o professor das Faculdades Integradas Rio Branco, os frequentes testes feitos pela Coreia do Norte se devem à falta de punições mais severas.

— Hoje nós temos muitos líderes fracos. O mundo vitrou um mundo de retórica. Não é possível que você tenha um vizinho bélico desse potencial e você não sabe nem viu nada em um mundo de espionagem, troca de informações e monitoramento por satélites. O que vem à ideia é que existem outras coisas em torno disso que não estão muito bem explicadas. Seguramente tem algum aliado no meio do caminho que não está muito visível.

O que resta saber agora é se o governo norte-americano vai aumentar a força militar utilizada contra a Coreia do Norte. "Precisaria de mais forças militares dos Estados Unidos na região asiática. Mas, com certeza, o que eles têm lá já é uma capacidade grande", completa o professor Gunther Rudkin.