Mundo
Donald Trump intensifica retórica em relação à Coreia do Norte
Estados Unidos e Coreia do Sul continuam tecnicamente ainda em guerra com Coreia do Norte, após conflito de 1950 a 1953 terminar com armistício
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou nesta quinta-feira sua retórica em relação à Coreia do Norte, dizendo que o país deve ficar “muito, muito nervoso” caso pense em atacar os EUA ou seus aliados, após Pyongyang dizer estar fazendo planos para disparar mísseis sobre o Japão para aterrissarem próximo a Guam, território norte-americano no Pacífico.
“O povo de nosso país está seguro. Nossos aliados estão seguros. E eu irei dizer isto a vocês: é melhor a Coreia do Norte se endireitar ou estará em problemas como algumas nações jamais estiveram em problemas neste mundo”, disse Trump a repórteres em Nova Jersey, onde estava se encontrando com sua equipe de segurança nacional.
Longe de diminuir o tom após dizer na terça-feira que quaisquer ameaças de Pyongyang serão alvo de “fogo e fúria como o mundo nunca viu”, Trump disse que estes comentários podem não ter ido longe o suficiente.
“Talvez não tenha sido forte o suficiente. Eles estão fazendo isso com o nosso país por muito tempo, por muitos anos. E é hora de alguém interferir pelo povo deste país e pelo povo de outros países”, acrescentou Trump.
Perguntado se irá considerar um ataque preventivo contra a Coreia do Norte para negá-la a capacidade de realizar um ataque contra os EUA, Trump disse: “Veremos o que irá acontecer”.
“Caso a Coreia do Norte não faça nada em termos de até mesmo pensar sobre atacar alguém que amamos ou representamos ou nossos aliados ou nós, eles devem ficar muito, muito nervosos. Direi o seguinte. E eles devem ficar nervosos. Porque coisas irão acontecer com eles como nunca pensaram ser possíveis”, acrescentou Trump.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul continuam tecnicamente ainda em guerra com a Coreia do Norte, após o conflito coreano de 1950 a 1953 terminar com um armistício, e não um tratado de paz.
A tensão na região aumentou drasticamente desde que o recluso país comunista – que protagonizou dois testes de bombas nucleares no ano passado – realizou dois testes de mísseis balísticos intercontinentais em julho, em desafio a potências mundiais. Trump disse que não irá permitir que Pyongyang desenvolva uma arma nuclear capaz de atingir os EUA.
O Exército da Coreia do Norte irá completar os planos em meados de agosto de disparar quatro mísseis de alcance intermediário sobre o Japão para aterrissarem próximo a Guam, quando estarão prontos para ordem do líder Kim Jong Un, relatou a agência de notícias estatal KCNA. A ideia é que os mísseis aterrissem no mar, de 30 a 40 quilômetros de Guam.
Trump também disse que novas sanções sobre a Coreia do Norte aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em 5 de agosto que podem cortar em um terço a receita anual de 3 bilhões de dólares de exportação do país provavelmente “não serão tão efetivas como muitas pessoas pensam que será, infelizmente”.
Trump elogiou a China e a Rússia por apoiarem as sanções, mas pressionou Pequim por mais ações.
“Eu penso que a China pode fazer muito mais, sim... E eu penso que a China irá fazer mais”, disse Trump em Bedminster, Nova Jersey, onde está em viagem de trabalho.
Trump disse que os EUA perdem muito dinheiro em negócios com a China. “Não irá continuar deste jeito. Mas caso a China nos ajude, me sinto muito diferente em relação ao comércio”, acrescentou Trump.
RISCOS CRESCEMEspecialistas nos EUA e Coreia do Sul disseram que os planos da Coreia do Norte em Guam intensificaram riscos significativamente, à medida que Washington tem maior probabilidade de ver qualquer míssil visando seus territórios como uma provocação, mesmo se lançado como um teste.
Caso Pyongyang realize sua exibição de força e lance mísseis em direção a Guam, isto irá representar um passo sem precedentes nas relações já tensas entre os EUA e Coreia do Norte.
Trump disse que os EUA irão “sempre considerar negociações” com Pyongyang, mas criticou três de seus antecessores, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton, por suas abordagens em relação à Coreia do Norte.
O trajeto planejado de mísseis da Coreia do Norte irá cruzar algumas das rotas marítimas e aéreas mais movimentadas do mundo.
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