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Para Instituto James Hutton, Renas do Polo Norte estão em apuros

Elas estão diminuindo de tamanho, um efeito colateral da mudança climática, que tem afetado a oferta de alimento durante o inverno

Por exame.com 24/12/2016 11h13
Para Instituto James Hutton, Renas do Polo Norte estão em apuros
Reprodução - Foto: Assessoria

No imaginário popular, as renas são sempre lembradas como as icônicas ajudantes do Papai Noel. No mundo real, porém, elas têm se tornado mais uma vítima das mudanças climáticas, ao lado do urso polar, dos alces e outros habitantes das terras geladas.

Segundo os cientistas, as renas estão diminuindo de tamanho, um efeito colateral da mudança climática que tem reduzido a disponibilidade de alimento durante o inverno para esses animais no Ártico.

As temperaturas da região estão subindo mais rapidamente do que a média mundial, em meio à intensa  acumulação de gases de efeito estufa na atmosfera, vilões do aquecimento global.

Falando na reunião anual da British Ecological Society em Liverpool neste mês, os pesquisadores revelaram que nos últimos 20 anos — durante um período de verões mais quentes e invernos menos gelados — as renas no arquipélago de Svalbard, na Noruega, se tornaram menores e mais leves.

Os ecologistas, do Instituto James Hutton, do Instituto Norueguês para Pesquisa na Natureza e da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida, trabalham na zona alta do Ártico desde 1994, medindo e pesando as renas.

A cada inverno, eles capturam, marcam e medem os filhotes de 10 meses de idade, retornando todos os anos  para recapturá-los e acompanhar seu tamanho e peso enquanto se desenvolvem como adultos.

A pesquisa mostra que o peso das renas adultas diminuiu 12% em 16 anos, passando de 55 kg para os espécimes nascidos em 1994 para pouco mais de 48 kg para os nascidos em 2010.

O principal autor do estudo, Steve Albon, do Instituto James Hutton, afirma que a diminuição das renas está associada a fatores influenciados pelas mudanças climáticas.

“Em Svalbard, a neve cobre o solo durante oito meses do ano, e as baixas temperaturas normalmente limitam o crescimento da grama entre junho e julho. Mas nos últimos anos, à medida que as temperaturas do verão aumentaram, as pastagens tornaram-se mais produtivas, permitindo que a rena feminina ganhasse mais peso no outono e, portanto, concebesse mais filhotes”, explica.

Como resultado, durante os tempos difíceis de inverno, algumas renas morrem de fome, abortam seus filhotes ou dão à luz espécimes atrofiados. Isso é agravado pelo tempo mais quente no inverno, que ocasiona mais chuvas, sendo que a água que cai congela no solo, aumentando assim as camadas de gelo que cobrem a grama e dificultam o acesso dos animais ao alimento.

Outro fator em jogo é que, nos últimos 20 anos, o número de renas dobrou, então uma maior competição por comida no inverno também poderia ajudar a explicar a diminuição da rena. Segundo os pesquisadores, nas próximas décadas, poderão surgir renas ainda menores no Ártico e,possivelmente, em risco devido ao aumento do gelo no solo e menor oferta de alimento.