Mundo
Venezuelanos enfrentam filas em bancos para deixar notas que vão perder valor
Maduro mandou recolher cédulas de 100 bolívares para enfrentar "máfias"
Fazendo fila desde o amanhecer com mochilas e sacolas plásticas cheias de dinheiro, os venezuelanos correram para os bancos do país nesta terça-feira (13) para deixar notas de cem bolívares depois da medida surpreendente do presidente Nicolás Maduro de tirá-las de circulação.
Soldados observavam enquanto as pessoas se aglomeravam nas filas com a maior cédula de dinheiro da Venezuela, que vale no momento apenas três centavos de dólar nas ruas e que precisa ser depositada antes de se tornar oficialmente sem valor.
Maduro anunciou a medida no domingo, para a consternação de venezuelanos que se acostumaram a guardar grandes quantidades de dinheiro vivo em casa uma vez que o valor do bolívar tem desabado no país em crise.
Muitos comerciantes pararam de receber o dinheiro imediatamente.
Acusado pelos críticos de tomar medidas sem sentido e apressadas, Maduro, 54 anos, justificou a decisão como uma tentativa de combater as máfias internacionais, especialmente na fronteira colombiana, acumulando bolívares para contrabando.
"Para o povo da Venezuela, especialmente aposentados, motoristas, pessoas de negócios, donas de casa e trabalhadores, eu digo a vocês que não precisam se preocupar”, disse Maduro num comunicado nesta terça. "As medidas são do seu interesse.”
A Venezuela fechou a sua fronteira com a Colômbia na segunda-feira, onde o governo disse que 117 pessoas foram presas e 104 milhões de bolívares foram confiscados.
O país, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), atravessa uma grande crise: a inflação prevista por economistas para este ano é maior de 500% e o câmbio em um ano já caiu mais de 75% em relação ao dólar, fazendo com que milhões comam menos.
As notas vão ser oficialmente retiradas na quinta-feira, e depois disso os venezuelanos terão dez dias para levar as restantes ao banco central.
Muitos questionam como o país pode coletar mais de seis bilhões de notas num período tão curto.
"Este país está caótico e a cada dia fica pior. Qual o sentido?", disse Walter Castagnoli, 43 anos, motorista desempregado numa fila em Caracas para depositar as notas.O Banco Central da Venezuela anunciou este mês que introduzirá, de maneira progressiva, seis novas notas e três moedas para facilitar os pagamentos em dinheiro no país, que sofre com uma inflação na casa dos três dígitos.
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