Mundo

Promotores de Brasil, Bolívia e Colômbia investigarão voo da Chapecoense

Reunião para definir investigação sobre o acidente ocorre na quarta, em Santa Cruz de la Sierra

Por El País Brasil 04/12/2016 10h20
Promotores de Brasil, Bolívia e Colômbia investigarão voo da Chapecoense
Reprodução - Foto: Assessoria

Quatro dias depois do acidente do voo 2933 da empresa boliviana LaMia em Cerro Gordo, em Antioquia, que deixou 71 mortos, foi anunciado que os procuradores-gerais da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, do Brasil, Rodrigo Janot, e da Bolívia, Ramiro José Guerrero, assumirão o comando da investigação do desastre. Na quarta-feira, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), se reunirão no que chamaram de “encontro de cooperação judiciária regional”, que visa dinamizar a investigação sobre o acidente e garantir a pronta administração da justiça para as famílias da vítimas.

Os promotores dos três países intercambiarão evidências e avaliarão as hipóteses que estão sendo consideradas para alcançar, com rapidez, resultados concretos na investigação, na qual, até agora, foi confirmado que a aeronave não tinha o combustível de segurança estabelecido pelas normas internacionais.

De acordo com o que foi estabelecido pelas autoridades aéreas da Colômbia, o avião que partiu de Santa Cruz pediu prioridade para aterrissar no aeroporto José María Córdova por conta de um problema de combustível. Embora a torre de controle tenha autorizado a aproximação, dois minutos depois o piloto declarou emergência e cinco minutos mais tarde alertou sobre uma falha de energia elétrica total e pediu ajuda para a aterrissagem; depois de alguns segundos o sinal com a aeronave foi perdido e o impacto ocorreu. Ao que foi apurado pelas autoridades da Colômbia, juntou-se uma nova versão, revelada neste sábado pela unidade de investigação do jornal El Tiempo.

Trata-se da inspetora de voos, Celia Castelo, que, duas horas antes da decolagem do modelo RJ85 teria feito um alerta sobre a falta de combustível. Segundo sua análise, não havia quantidade suficiente para a aeronave chegar a Medellín. Uma das responsáveis por verificar e aprovar os planos de voo, ela afirmou que registrou as irregularidades encontradas e que, no entanto, foram ignoradas. Ela ainda destacou que, para respaldar suas afirmações, conta com pelo menos duas testemunhas que, como ela, são funcionárias do aeroporto e estavam de plantão no mesmo horário.

Enquanto as investigações tentam estabelecer por que o avião decolou apesar da advertência, na Colômbia um dos seis sobreviventes do acidente recebeu alta — o técnico de aviação Erwin Tumirí, que permaneceu quatro dias internado na clínica Somer de Rionegro, a uma hora de Medellín. “Antes de ir, gostaria de agradecer a todo o povo colombiano. Não tenho palavras de agradecimento suficientes. Vocês já fazem parte da minha família, e espero logo — não sei quando — poder voltar a visitá-los”, disse ele, em um vídeo no qual aparece com um colar cervical e algumas lesões nas mãos e no rosto.

Os outros sobreviventes continuam internados. A auxiliar de voo Ximena Suárez se pronunciou através das redes sociais, onde agradeceu pela ajuda das autoridades colombianas e homenageou seus colegas da tripulação. Segundo especialistas, ela pode receber alta nas próximas horas. O jornalista Rafael Valmarbida e os jogadores Alan Ruschel, Helio Zampier e Jackson Follman seguem sob cuidados intensivos.