As 106 famílias do assentamento Flor do Mundaú, criado há 29 anos no município de Branquinha, estão sendo beneficiadas com a atualização do georreferenciamento de seus lotes. Técnicos da Superintendência do Incra em Alagoas se encontram, desde a semana passada, no imóvel de 567 hectares para o trabalho, que vai culminar na entrega dos títulos de domínio aos assentados.
O trabalho de campo prossegue por mais duas semanas. Após essa etapa, os dados serão levados a escritório para processamento, elaboração das planilhas e lançamento no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). A atividade objetiva o cumprimento das metas institucionais, cuja etapa de georreferenciamento é um pré-requisito para a certificação e a titulação.

A equipe do Incra foi recebida pelo presidente da Associação de Assentados de Flor do Mundaú, José Carlos de Lima Freire, conhecido na comunidade como Dimas. Para o líder assentado, “a presença do Incra traz esperança porque os assentados sabem que, mais na frente, virá a titulação e isso trará acesso a mais créditos e a outras formas de financiar a agricultura local”.

Dimas vive do seu lote com a família e destaca sua produção. “Tenho dois açudes no meu lote e produzo tilápia para comercializar; tenho também criação de galinha caipira, tanto para venda de ovos como para abate.” O assentado e dirigente também cultiva acerola, alguns tipos de laranja (pera, lima e poncã), banana-comprida, macaxeira e comercializa coco e água de coco na cidade.

Antônio Vicente Ferreira também é assentado, com sua esposa, desde a fundação do assentamento. Após o plantio de algumas culturas, ele optou pela criação de gado bovino e ovino. “Eu sou do começo de tudo aqui e, se sair essa medição atual e o título, é mesmo que cair um milagre do céu, porque a gente já batalhou muito e isso vai trazer mais benefícios pra todos”, reconhece o agricultor. Ele também cria e vende peixes em dois açudes dentro de seu lote.

A água é abundante em Flor do Mundaú. Os técnicos do Incra estão percorrendo todo o perímetro, lotes e demais áreas e reencontraram um imóvel rico em mananciais e banhado, em grande parte, pelo rio Mundaú e afluentes. Além dos lotes, serão georreferenciadas quatro áreas comunitárias e três áreas de reserva legal.

O trabalho cartográfico constata essa realidade e os técnicos confirmam: grande parte dos lotes tem seus limites definidos por córregos, riachos e nascentes. Essa característica é comum aos demais assentamentos do município: Santo Antônio da Boa Vista, Nova Esperança, Eldorados dos Carajás e Zumbi dos Palmares.

Branquinha fica na microrregião da Mata Alagoana. O município tem uma população de 9.603 habitantes, e, nos cinco assentamentos do Incra, vivem 586 famílias em 2.692 hectares reformados. Nos municípios vizinhos de Murici e União dos Palmares, o Incra também tem outros assentamentos.

O técnico em reforma e desenvolvimento Agrário Jorge Saraiva Batista está em campo com mais dois colegas da Divisão de Governança da Terra e apontou as próximas atividades da equipe. “Posteriormente ao lançamento no Sigef, serão geradas as plantas e memoriais descritivos que farão parte do processo futuro de titulação.”

Concluído o trabalho de campo e escritório, o Incra fará um trabalho de supervisão ocupacional dos lotes. “A finalidade é verificar quais famílias têm pendências para serem sanadas e, nos casos em que a família tenha entrado após a primeira demarcação e não esteja na relação de beneficiários, fazer a regularização, se preencherem os requisitos legais”, explicou Saraiva.