Interior
Após 13 anos de impunidade, acusado de feminicídio vai a júri em Arapiraca
Réu responde em liberdade por matar companheira com tiro na cabeça enquanto ela dormia

Após 13 anos de um crime que chocou Arapiraca, no Agreste de Alagoas, o réu acusado de matar a companheira Maria do Socorro dos Santos, de 32 anos, finalmente senta no banco dos réus nesta segunda‑feira (7), no Fórum da cidade. Mesmo indiciado por homicídio qualificado — hoje enquadrado como feminicídio — ele nunca foi preso.
Segundo o processo, o assassinato aconteceu na madrugada de 21 de junho de 2011, dentro da residência da vítima, onde ela morava com o filho Rafael, então com 10 anos, e um irmão com deficiência. Horas antes, vizinhos e o próprio menino viram Maria do Socorro e o companheiro consumindo bebida alcoólica na área da casa.
Por volta das 18h, o casal entrou no quarto. Três horas depois, Rafael bateu à porta para receber a bênção de boa noite. Do lado de dentro, uma voz ríspida respondeu “pode responder”; em seguida, a mãe disse “Deus te abençoe”. Foi a última vez que o garoto ouviu a voz dela.
Na manhã seguinte, Rafael encontrou a mãe já sem vida, com um disparo de arma de fogo na cabeça. O acusado havia fugido sem deixar sinais de arrombamento. Dentro do quarto, policiais encontraram estilhaços de garrafa de bebida — indício de uma possível discussão violenta antes do disparo.
Histórico de ameaças
Testemunhas relataram agressões e ameaças constantes: o réu dizia que mataria Maria do Socorro caso ela tentasse terminar o relacionamento. A investigação reuniu provas consideradas robustas, mas, mesmo com o mandado de prisão emitido, ele nunca foi localizado.
O que está em jogo hoje
O Tribunal do Júri deve avaliar não só as provas materiais — laudos periciais, depoimentos e a arma do crime ainda não encontrada — como também o histórico de violência doméstica, que sustenta a tese de feminicídio. Se condenado, o réu pode pegar até 30 anos de prisão.
A família de Maria do Socorro espera que, após mais de uma década de angústia, a sessão desta segunda‑feira marque o início de um novo capítulo: o da responsabilização e da memória preservada de uma mulher que, segundo vizinhos, “sonhava apenas com uma vida em paz”.
Mais lidas
-
1Posto 7
Assessor político é encontrado morto dentro de veículo próximo a base da Oplit na Jatiúca
-
2Cinema
F1: O filme com Brad Pitt é baseado em história real?
-
3Reoxigenação
Eleição do PT-AL chega à reta final
-
4Redes sociais
PED do PT: Chapa denuncia compra de votos, bolsonaristas e entregas de cestas básicas
-
5Sem Alma existe?
Quem é o verdadeiro Sem Alma da série brasileira 'DNA do Crime'?