Interior

MPF recomenda que Barra de São Miguel adote regras mais rígidas para construções na orla

Por Assessoria MPF/AL 03/06/2025 10h26
MPF recomenda que Barra de São Miguel adote regras mais rígidas para construções na orla
MPF recomenda que Barra de São Miguel adote regras mais rígidas para construções na orla - Foto: Edilson Omena

Com o objetivo de evitar impactos negativos, como o sombreamento indevido das praias, que pode prejudicar o meio ambiente e o turismo, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Prefeitura de Barra de São Miguel, no litoral sul alagoano, a adoção de regras mais rígidas para limitar a altura e o recuo das construções na orla marítima.

A recomendação, expedida na última segunda-feira (2), foi assinada pelo procurador da República Érico Gomes de Souza e dá ao município o prazo de 30 dias para apresentar providências que garantam o controle rigoroso dessas construções, incluindo a exigência de estudos técnicos prévios antes de liberar novas obras.

Segundo o MPF, relatórios técnicos e perícias apontaram que as leis municipais atuais permitem edifícios muito altos à beira-mar — chegando a cerca de 30 metros de altura — o que coloca em risco a qualidade ambiental, o paisagismo e o lazer da população e dos visitantes. Experiências em outras cidades, como Balneário Camboriú (SC) e Boa Viagem (PE), mostraram que a verticalização da orla pode causar sombreamento de toda a faixa de praia, prejudicando gravemente o uso público.

“Nosso objetivo é garantir que as praias continuem sendo um patrimônio público acessível a todos, sem prejuízos ambientais ou barreiras causadas por construções inadequadas”, afirma o procurador Érico Gomes de Souza. “O município precisa atuar preventivamente, ajustando sua legislação para evitar impactos que podem ser irreversíveis num futuro próximo”.

Contexto – A recomendação do MPF baseia-se num inquérito civil que apura alterações no Plano Diretor e no Código de Urbanismo do município, que passaram a permitir construções muito mais altas na orla. O MPF destaca que a faixa de praia de Barra de São Miguel é estreita, os terrenos à beira-mar têm pouca profundidade e não existe uma avenida litorânea para afastar as edificações, o que aumenta o risco de sombreamento das praias.

Laudo técnico do MPF e notas do Projeto Orla confirmam que a verticalização pode causar prejuízos ambientais, comprometer a paisagem natural e reduzir o aproveitamento turístico das praias — problemas já registrados em outros balneários brasileiros. Além disso, as leis locais não exigem atualmente estudos detalhados sobre a movimentação do sol e os efeitos das sombras geradas por novos empreendimentos, o que fragiliza a proteção ambiental.

Por isso, o MPF quer que a prefeitura adote providências a fim de estabelecer critérios mais rigorosos e exija simulações técnicas antes de aprovar projetos, garantindo que novas construções não causem impactos negativos irreversíveis.

A prefeitura tem 10 dias para informar se acatará ou não a recomendação. O MPF alerta que considera o gestor municipal ciente da situação a partir do recebimento do documento e que poderá adotar outras medidas caso haja omissão.